Nas regiões de Rutshuru, um fenómeno notável foi observado nos últimos três meses: o regresso espontâneo de mais de 383 mil pessoas deslocadas às suas aldeias. Estes números, revelados no recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) e publicado pela Fatshimétrie na sexta-feira, 30 de agosto, levantam questões essenciais sobre a situação das populações afetadas por conflitos.
Testemunhos recolhidos no terreno confirmam estes retornos massivos. Segundo uma pessoa notável de Rutshuru, algumas pessoas deslocadas são motivadas pelas precárias condições de vida nos locais, onde a ajuda humanitária se torna cada vez mais rara e o acesso à educação das crianças está comprometido há vários anos. Esta onda de retornos, embora de aparência positiva, levanta preocupações sobre as dificuldades que estas pessoas enfrentam para regressar aos seus campos agrícolas.
O apelo lançado pelo chefe administrativo de Rutshuru ressoa como um grito do coração a favor destas populações vulneráveis. Destaca os obstáculos impostos por alguns grupos armados, como o movimento rebelde M23, que dificultam o acesso a terras férteis essenciais para a produção de alimentos. “O nosso medo é a decisão do M23 que proíbe a população de ir aos campos de Kashali de Gasahero, de Kasinyidiro também. Pedimos ao M23 que dê oportunidade de acesso aos campos em dias que estejam bem planeados para ir aos campos…”, declarou.
Esta defesa destaca a necessidade de uma acção concertada para garantir a segurança e o bem-estar destas populações que regressam. A liberdade de acesso aos recursos agrícolas é um elemento chave para garantir a sua subsistência e autonomia. Perante esta situação preocupante, é imperativo que as partes interessadas, incluindo os intervenientes humanitários, as autoridades locais e os grupos armados, colaborem para facilitar o regresso sustentável e seguro destas pessoas deslocadas.
Em conclusão, os regressos espontâneos de pessoas deslocadas nas regiões de Rutshuru sublinham a urgência de uma resposta humanitária adaptada e coordenada. O acesso aos campos agrícolas deve ser garantido para permitir que as populações reconstruam as suas vidas e recuperem a sua dignidade. Esta questão crucial requer atenção especial e acção colectiva para satisfazer as necessidades essenciais destas comunidades vulneráveis e apoiá-las no caminho da reconstrução.