O documentário intitulado “A Viagem ao Leste”, dirigido por Mike Kajabika Sayenet, soa como um apelo vibrante à cultura e história pouco conhecidas do Leste da República Democrática do Congo. Esta obra, apresentada em Kinshasa na presença de personalidades ilustres, pretende ser um canal de transmissão da riqueza cultural dos povos do Oriente, respondendo ao mesmo tempo à desculturação galopante que prevalece na região.
O Leste da RDC, uma região marcada por anos de conflitos mortais, permanece frequentemente nas sombras. Com milhões de pessoas deslocadas internamente e um número tragicamente elevado de mortes, a história desta parte do país é frequentemente reduzida a uma série de acontecimentos sombrios. É aqui que este documentário ganha todo o seu significado, ao tentar restabelecer uma verdade que muitas vezes é ignorada e mal compreendida.
Com efeito, como salienta o presidente dos notáveis e das comunidades do Grande Kivu, Joseph Nkinzo, é essencial recordar que o Leste da RDC é sobretudo um território povoado por congoleses e não por ruandeses, como alguns poderiam pensar erradamente. Este filme pretende lançar luz sobre a história e cultura desta região, de forma a combater o estigma injustificado que a rodeia.
O realizador, Mike Kajabika Sayenet, olha com empenho para a situação no Leste e denuncia com razão a ignorância e a confusão que reina nesta parte do país. Ao realçar as tradições de Bushi Bukavu e dos diferentes povos do Oriente, o filme “A Viagem ao Oriente” destaca-se como um convite à descoberta e à reflexão.
Para além do seu aspecto cultural, este documentário também se posiciona como uma ferramenta de defesa da paz numa região devastada por conflitos e violência. Ao enfatizar a importância da cultura como elemento fundador da sociedade, os atores deste filme apelam à consciência coletiva e à reconstrução baseada na valorização da identidade cultural local.
Em suma, “A Viagem ao Leste” é muito mais do que um simples documentário, é uma ode à diversidade e riqueza do Leste da RDC, um apelo ao reconhecimento e ao respeito por uma história que é muitas vezes esquecida. Ao destacar a cultura e a história desta região, este filme abre caminho para uma melhor compreensão e um diálogo renovado, essenciais para a construção de um futuro de paz e prosperidade para todos os habitantes do Leste da República Democrática do Congo.