O Chade, um país da África Central que enfrenta múltiplos desafios, enfrenta um novo problema: a urbanização desenfreada da sua capital, Ndjamena. Com uma população superior a 1,5 milhões de habitantes, a metrópole chadiana está a desenvolver-se de forma anárquica, levantando preocupações sobre o seu futuro.
Perante esta realidade, as autoridades chadianas tomaram uma decisão ousada ao criar uma comissão de reflexão para a criação de uma nova cidade, localizada a aproximadamente 35 quilómetros de Ndjamena. O objectivo declarado é claro: conter a expansão desordenada da capital e propor um plano de urbanização coerente para o futuro.
Mahamat Assileck Hallata, Ministro do Urbanismo, justifica esta iniciativa sublinhando a necessidade de considerar uma solução concreta para o crescimento anárquico da população. Ele insiste na importância de construir uma nova cidade que reflita o orgulho dos chadianos, face ao desenvolvimento urbano muitas vezes caótico.
No entanto, vozes discordantes estão a levantar-se na sociedade chadiana. Alguns, como o arquitecto urbano Roger Boryata, sublinham a importância de ter em conta o contexto socioeconómico do país antes de embarcar num projecto tão ambicioso. Destaca a necessidade de propor soluções adaptadas à realidade no terreno.
Por seu lado, Sosthène Mbernodji, activista dos direitos humanos no Chade, expressa as suas reservas sobre a relevância deste novo projecto de cidade. Para ele, a urgência está no atendimento das necessidades básicas da população, como o acesso à alimentação diária suficiente. Considera que a criação de uma nova cidade é uma ideia utópica que não responde às preocupações imediatas dos chadianos.
A comissão de reflexão, constituída para estudar este projecto, dispõe de três meses para apresentar o seu relatório. Este passo crucial permitirá avaliar a viabilidade e relevância de tal empreendimento no contexto atual do Chade.
Em suma, o debate sobre a criação de uma nova cidade no Chade levanta questões fundamentais sobre a urbanização, o desenvolvimento e as prioridades nacionais. Entre as ambições de modernização e os imperativos sociais, o país terá de encontrar um equilíbrio para satisfazer as necessidades da sua população, garantindo ao mesmo tempo um crescimento urbano harmonioso e sustentável.