O Chade, um país da África Central, é palco de lutas profundas pela igualdade de género e pelo acesso das mulheres à terra, uma questão crucial para a sua autonomia económica e emancipação social. Nesta busca, mulheres corajosas como Milla Nemoudji, residentes numa aldeia no sul do Chade, opõem-se às normas estabelecidas e desafiam os obstáculos culturais e legais para reivindicar os seus direitos fundamentais.
Nemoudji, depois de sobreviver a anos de violência doméstica, decidiu divorciar-se do marido, apesar da raridade desta prática na sociedade chadiana. No entanto, a perda do seu apoio financeiro mergulhou-a numa situação de extrema precariedade, agravada pelo acesso limitado das mulheres à terra, tradicionalmente controlada pelos homens em muitas regiões do Chade. Esta situação reflecte as profundas desigualdades no acesso à terra e à herança que mantêm as mulheres numa posição subordinada e dependente.
Confrontadas com este sistema discriminatório, iniciativas como a N-Bio Solutions, liderada pela activista Adèle Noudjilembaye, lutam para defender os direitos das mulheres, negociando com os líderes tradicionais o acesso das mulheres à terra. Estes coletivos oferecem às mulheres a oportunidade de cultivar culturas como algodão, amendoim e gergelim, permitindo-lhes sustentar-se de forma independente.
É importante sublinhar que o acesso das mulheres à terra não diz apenas respeito à sua autonomia financeira, mas também contribui para uma agricultura sustentável e responsável. As mulheres de Binmar adoptaram práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, a agricultura biológica e a utilização de sementes resistentes à seca, promovendo assim a conservação do solo e aumentando a produtividade agrícola.
Apesar deste progresso, os desafios continuam a ser numerosos para as mulheres que procuram reivindicar os seus direitos no Chade. O país está próximo do último lugar no índice global de disparidade de género, com elevadas taxas de mortalidade materna e baixas taxas de alfabetização entre as mulheres jovens. As mulheres que ousam desafiar as normas sociais e culturais correm muitas vezes o risco de hostilidade e de falta de apoio por parte das autoridades locais e dos líderes tradicionais.
A luta pelos direitos das mulheres à terra no Chade não se limita a uma questão económica, mas tem uma profunda dimensão social e cultural, testemunhando a busca pela igualdade, justiça e esperança num futuro melhor. Estas mulheres corajosas personificam a resiliência e a determinação face à adversidade, abrindo caminho para uma mudança social progressiva e uma transformação das normas patriarcais de gerações anteriores..
Em última análise, o acesso das mulheres à terra no Chade representa muito mais do que um simples direito à terra, mas uma afirmação da sua dignidade, da sua liberdade e do seu poder para transformar as suas comunidades e a sua sociedade rumo a um futuro mais equitativo e sustentável. Estas mulheres, através da sua luta e da sua determinação, estão a escrever uma nova página na história da igualdade de género no Chade, fazendo da sua voz o símbolo da mudança inevitável e necessária.