A recente manifestação em Lubumbashi, organizada pela coligação anti-corrupção “O Congo não está à venda” e pelos seus determinados activistas que vieram reivindicar a propriedade dos royalties mineiros face aos acordos suspeitos celebrados pelo multimilionário israelita Dan Gertler, levanta uma questão crucial: a luta feroz contra a corrupção que está a corromper a riqueza da República Democrática do Congo.
Os manifestantes, gritando a sua indignação contra os acordos ilegítimos celebrados com Dan Gertler e exigindo a restituição dos royalties mineiros desviados, estão a dar substância a uma luta cidadã pela transparência e pela justiça. Esta mobilização é tanto mais legítima quanto os fundos desviados deveriam ter sido utilizados para desenvolver infra-estruturas essenciais à população congolesa, como estradas, escolas ou hospitais. Em vez de beneficiar a comunidade, esse dinheiro acaba no bolso de um indivíduo sem escrúpulos.
O caso de Dan Gertler, sob sanções dos EUA por corrupção e violações dos direitos humanos na RDC, destaca as práticas questionáveis que ocorrem no sector mineiro do país. A sua parceria com a Glencore, sancionada pela justiça suíça pelo seu envolvimento em atos de corrupção, sublinha a urgência de uma ação firme para pôr fim a estes abusos.
A coligação “O Congo não está à venda” apela à sensibilização internacional para o que descreve como enriquecimento ilícito e espoliação dos recursos congoleses. A devolução dos royalties detidos através de práticas corruptas deve ser uma prioridade nas negociações em curso entre os Estados Unidos e a RDC. A credibilidade das autoridades congolesas no combate à corrupção e na garantia da distribuição justa da riqueza nacional está em jogo.
Além disso, o envolvimento das autoridades suíças na sanção imposta à Glencore abre caminho para o reforço da cooperação internacional na luta contra as redes de corrupção que operam no sector mineiro na RDC. É imperativo que estas medidas repressivas sejam acompanhadas de ações concertadas para prevenir novos casos de desvios e desvios, a fim de garantir a sustentabilidade dos recursos naturais congoleses em benefício da sua população.
Em última análise, a manifestação de Lubumbashi destaca a urgência de pôr fim às práticas corruptas que privam a RDC da sua riqueza e dificultam o seu desenvolvimento. Ao apoiar movimentos de cidadãos comprometidos com a transparência e a responsabilização, é possível iniciar uma verdadeira transformação do modelo económico e político do país, servindo o interesse geral e o bem-estar dos seus cidadãos.