Título: A luta contra a cólera na Nigéria: uma situação alarmante que exige acção urgente
No coração da Nigéria, trava-se uma batalha épica contra um inimigo traiçoeiro e mortal: a cólera. Doença grave causada pela bactéria Vibrio cholerae, a cólera continua a representar um grande desafio para a saúde pública, especialmente em regiões onde as condições de saneamento e abastecimento de água são precárias.
De acordo com os últimos números comunicados pelo Director Geral do Centro, Dr. Jide Idris, a Nigéria registou 2.102 casos suspeitos de cólera e 63 mortes em 33 estados e 122 áreas locais até 30 de Junho. Com uma taxa de letalidade de 3,0%, a situação é crítica.
Os dados revelam que os dez estados mais afectados são Lagos, Bayelsa, Abia, Zamfara, Bauchi, Katsina, Cross River, Ebonyi, Rivers e Delta, sete dos quais estão na parte sul do país. Para combater esta crise, o centro criou um Centro Nacional de Operações de Emergência multissetorial para combater a cólera, com a missão de coordenar a resposta, mobilizar recursos de forma eficaz e sensibilizar a comunidade.
Apesar do apoio e dos esforços políticos, persistem desafios, como a falta de instalações sanitárias adequadas, a má gestão de resíduos, práticas de higiene inadequadas e práticas regulamentares fracas. As alterações climáticas e as inundações também agravaram a situação da cólera.
Para conter o surto, foram implementadas medidas importantes, incluindo avaliações em 22 estados em risco, distribuição de material médico, programas de formação e aconselhamento de saúde pública. É essencial melhorar as práticas de higiene, fazer cumprir as leis de saúde pública e reforçar as competências dos profissionais de saúde a nível estadual e local.
Surpreendentemente, apenas 16% das 774 áreas locais na Nigéria são livres de fecalismo a céu aberto, sendo Jigawa o único estado livre de fecalismo a céu aberto. Mais de 48 milhões de nigerianos praticam a defecação a céu aberto, agravando a propagação da cólera.
A gestão inadequada de resíduos, a má alimentação, as práticas de higiene ambiental e pessoal e as lacunas de capacidade entre os profissionais de saúde são causas da cólera. É imperativo aplicar melhor a regulamentação e sensibilizar o público para a importância da higiene básica, como a lavagem das mãos.
O Ministro de Estado do Meio Ambiente, Dr. Iziaq Salako, destaca a importância de priorizar o saneamento ambiental para não comprometer a saúde pública e a economia. Alerta para o impacto negativo das alterações climáticas na saúde pública, apelando a medidas urgentes para combater a cólera e melhorar as condições de vida.
Os especialistas em saúde pública recomendam uma estratégia abrangente, incluindo saneamento melhorado, acesso à água potável, higiene adequada e melhores condições de vida para pôr fim a este massacre recorrente. Pedem que a cólera seja classificada como doença tropical negligenciada, para lhe dar mais atenção.
A cólera continua a ser uma doença virulenta mas tratável, causando milhões de casos e mortes todos os anos em todo o mundo. O manejo adequado pode reduzir a mortalidade para menos de um por cento, mas a falta de tratamento pode resultar em uma taxa de mortalidade de até 60%.
Em conclusão, a luta contra a cólera na Nigéria exige mobilização colectiva, acções imediatas e forte vontade política. É imperativo reforçar as infra-estruturas de saúde, melhorar as condições de vida e sensibilizar a população para a importância da higiene e do acesso à água potável. Perante esta ameaça contínua, é altura de agir de forma decisiva para proteger a saúde e o bem-estar de todos.