No âmbito da comemoração do 64º aniversário da independência da República Democrática do Congo, não foi organizada nenhuma celebração oficial, deixando espaço para um ambiente marcado por críticas e visões incisivas sobre a situação actual do país. No centro dos debates, os discursos de vários actores políticos e da sociedade civil reflectem uma profunda consternação face aos desafios e disfunções que persistem no seio da nação congolesa.
O Presidente Félix Tshisekedi dirigiu-se à nação para elogiar o seu desempenho como chefe do país, um movimento que provocou reações mistas e até críticas. Os seus oponentes, como Moïse Katumbi, não medem as palavras e denunciam o sofrimento generalizado, a falta de visão e a falha na governação. As conclusões são alarmantes: o leste do país está às voltas com uma crise humanitária e de segurança sem precedentes, a justiça está sujeita a interferências, o tribalismo e a corrupção estão a corromper os alicerces da sociedade congolesa.
Martin Fayulu, uma figura da oposição, aponta o dedo ao actual presidente, acusando-o de ser o catalisador dos males que actualmente minam a RDC. Para ele, o combate à corrupção e a transparência na gestão dos fundos públicos devem ser prioridades absolutas. Ele apela à responsabilização e justiça justa para todos os intervenientes envolvidos em casos de peculato.
Por seu lado, o movimento de cidadãos La Lucha denuncia o deslizamento para uma oligarquia predatória, sublinhando que a independência duramente conquistada em 1960 parece ter sido confiscada por uma elite sedenta de poder e riqueza. Os apelos a uma governação mais transparente, inclusiva e responsável tornam-se cada vez mais prementes, um sinal de uma sociedade civil preocupada com o futuro do seu país.
64 anos depois de conquistar a independência, a RDC encontra-se numa encruzilhada, enfrentando grandes desafios que exigem uma acção colectiva e coordenada. Os discursos políticos podem ser um primeiro passo, mas são as acções concretas e a coragem de romper com as práticas nocivas do passado que permitirão à nação congolesa recuperar e progredir em direcção a um futuro melhor.