De acordo com os recentes desenvolvimentos relativos à proposta de cessar-fogo apoiada pelos EUA em Gaza, tiveram lugar conversações entre mediadores catarianos e egípcios, bem como representantes do Hamas. A organização apresentou “alterações” ao plano de três fases, incluindo pontos-chave como confirmação do cessar-fogo, retirada das tropas, reconstrução e troca de prisioneiros.
Apesar do apoio geral ao acordo, persistem preocupações dentro do Hamas sobre a vontade de Israel de honrar os seus termos, particularmente no que diz respeito ao fim permanente dos combates e à retirada total das tropas israelitas de Gaza em troca da libertação de todos os reféns detidos pelos militantes.
A proposta de cessar-fogo foi aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas analistas afirmam que se trata mais de um acto simbólico que visa pôr fim a oito meses de guerra entre Israel e o Hamas.
A analista Maya Ungar, do Grupo de Crise Internacional, salienta que, apesar deste avanço diplomático, a realidade no terreno permanece inalterada, com Israel a manter uma incursão terrestre em Rafah e os civis em Gaza a continuarem a sofrer as consequências do conflito.
Na Jordânia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou o compromisso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com a proposta de cessar-fogo. Contudo, as declarações públicas mais recentes de Netanyahu não parecem indicar a aceitação deste plano.
Na verdade, o Primeiro-Ministro israelita contestou certos aspectos da proposta, dizendo que o fim da guerra só poderia ocorrer após a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns.
A recente demissão de Benny Gantz, um membro sénior do gabinete de guerra israelita, realça a falta de confiança em Benjamin Netanyahu e na sua estratégia neste conflito. Netanyahu encontra-se agora mais dependente dos seus aliados de extrema direita, hostil à proposta de cessar-fogo apoiada pelos EUA e ansioso por continuar o conflito.
Esta situação poderá enfraquecer a coligação governamental de Benjamin Netanyahu e torná-lo mais vulnerável no seu julgamento por corrupção.
Perante estas tensões e as incertezas em torno da actual proposta de cessar-fogo, as discussões no seio da administração americana levantam a possibilidade de negociar um acordo unilateral com o Hamas para obter a libertação de cinco americanos detidos em Gaza se as conversações em curso com Israel não tiverem sucesso.
Os próximos dias serão decisivos para o desfecho desta situação complexa, mas uma coisa é certa: a busca por uma paz duradoura em Gaza continua a ser um grande desafio para todas as partes envolvidas.