Título: Os resultados provisórios das eleições legislativas na RDC revelam surpresas dentro da União Sagrada
Introdução:
Os resultados provisórios das eleições legislativas na República Democrática do Congo (RDC) foram recentemente publicados e guardaram algumas surpresas no seio da coligação presidencial da Sagrada União da Nação. Embora o campo presidencial tenha obtido uma vitória esmagadora, a distribuição de assentos entre os partidos políticos revelou convulsões inesperadas. Neste artigo analisaremos os números e destacaremos os principais atores desta nova Assembleia.
O peso da UDPS e o surgimento da UNC:
Não é de surpreender que a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS) do Presidente Félix Tshisekedi seja a maior força política, com 69 assentos, reforçada pelos partidos políticos a ela aliados. No entanto, a verdadeira surpresa vem da União para a Nação Congolesa (UNC) de Vital Kamerhe, actual vice-primeiro-ministro, que se estabeleceu como a segunda força política com cerca de quarenta governantes eleitos. A UNC desafiou assim as previsões e consolidou a sua influência dentro da Assembleia.
A decepção da MLC e o surgimento de novos agrupamentos:
Por outro lado, o Movimento para a Libertação do Congo (MLC) de Jean-Pierre Bemba ficou desapontado. Embora se esperasse obter pelo menos 30 assentos, o MLC acabou tendo apenas cerca de vinte assentos. Um mau desempenho que permitiu que agrupamentos como Agissons and Buildings (AB) do Primeiro-Ministro Jean-Michel Sama Lukonde ou o Bloco da Aliança 50 (A/B50) do Ministro da Indústria Julien Paluku ganhassem influência e conquistassem mais assentos do que o MLC.
A oposição limitada:
Do lado da oposição, é o Ensemble pour la République (EPR), de Moïse Katumbi, que sai vitorioso com 18 representantes eleitos. No entanto, a oposição como um todo representa apenas uma parte minoritária da Assembleia, com apenas alguns outros assentos divididos entre antigos primeiros-ministros e partidos políticos específicos.
Resultados provisórios e fisionomia aguardando confirmação:
É importante sublinhar que os actuais resultados são ainda provisórios e passíveis de recurso para o Tribunal Constitucional. Além disso, alguns assentos ainda não foram atribuídos por motivos de segurança ou cancelamento de votos. Assim, a distribuição final do poder entre os diferentes actores políticos só será confirmada quando a Assembleia for instalada no final de Janeiro de 2024.
Conclusão:
Os resultados provisórios das eleições legislativas na RDC trouxeram a sua quota-parte de surpresas dentro da União Sagrada. Se a UDPS continua a ser a principal força política, o surgimento da UNC e o fraco desempenho da MLC mudaram a aparência da Assembleia. Além disso, a oposição tem uma presença limitada, o que confirma o domínio do campo presidencial. No entanto, recorde-se que estes resultados são ainda provisórios e que a verdadeira distribuição de competências será confirmada posteriormente. A cena política congolesa continua, portanto, a evoluir e será interessante acompanhar a evolução futura.