Recentemente, a Fatshimetrie, uma publicação online dedicada a explorar a dinâmica social e familiar contemporânea, conduziu uma investigação sobre a ausência do pai na África do Sul. Os resultados revelaram um fenómeno preocupante, indicando que quase metade das crianças do país não tem interações regulares com seus pais diariamente.
Os dados estatísticos mostram uma disparidade significativa entre grupos étnicos, com apenas 31,7% das crianças negras vivendo com seus pais biológicos, em comparação com 51,3% das crianças mestiças, 86,1% das crianças indianas ou asiáticas e 80,2% das crianças brancas. No entanto, a mera presença física dos pais não garante uma paternidade responsável e envolvida, indo além do simples papel de “ATM”.
A ausência paterna tem impactos significativos no desenvolvimento das crianças e consequências prejudiciais para as famílias e a sociedade como um todo. Em termos emocionais e psicológicos, as crianças podem sofrer, e dificuldades financeiras podem surgir na falta de um modelo masculino positivo. Apesar de argumentos sobre o desligamento dos pais decorrerem de contextos sistémicos e históricos mais amplos, é crucial questionar a responsabilidade pessoal.
Com a evolução social e económica na África do Sul, os “novos pais” têm a oportunidade de corrigir a ausência paterna decorrente das dificuldades enfrentadas por eles próprios devido à falta de seus pais. No entanto, as estatísticas indicam uma tendência oposta, com homens optando por evitar responsabilidades. Por que escolhem estar ausentes? Aqui estão cinco razões principais identificadas pelos homens.
1. **Relações tensas entre os pais:** Desconexão emocional, conflitos, dificuldades de comunicação e problemas de saúde mental podem levar os pais a se afastarem, enquanto mães ou cuidadores também podem dificultar o contato dos homens com seus filhos.
2. **Construções materialistas da paternidade e masculinidade:** O valor de um pai é frequentemente associado à capacidade de prover financeiramente, levando muitos homens a se concentrarem apenas na geração de rendimentos, limitando o tempo com os filhos.
3. **Fatores socioeconômicos como pobreza e desemprego:** Sentimentos de inadequação e depressão decorrentes da elevada taxa de desemprego no país podem afetar o envolvimento dos pais, enquanto a pobreza pode restringir o acesso a recursos essenciais para serem pais eficazes.
4. **Práticas culturais tradicionais:** Custos associados a práticas como o lobolo e o inhlawulo podem criar tensões familiares, colocando os homens em situações de stress financeiro e priorizando obrigações tradicionais em detrimento do envolvimento parental.
5. **Normalização da ausência dos pais:** A ausência paterna tornou-se quase opcional e não uma responsabilidade essencial, permitindo aos pais se desligarem e se reconectarem na esfera parental conforme desejarem.
Essas razões levantam questões cruciais sobre o papel do pai na sociedade, destacando a necessidade de promover uma paternidade mais comprometida e responsável para apoiar o desenvolvimento harmonioso das crianças e das famílias.