O ano de 2024 parece ser um ano eleitoral sem precedentes, com um número recorde de países realizando eleições e uma participação eleitoral excepcional. Pelo menos 64 países, representando cerca de 49% da população mundial, assistirão a um afluxo maciço de eleitores às urnas.
Estas eleições, em vários países, serão palco de grandes desafios democráticos, pondo à prova os princípios fundamentais da democracia. Num cenário político global em constante mudança, marcado pelo advento das tecnologias digitais, é essencial uma análise cuidadosa do impacto da inteligência artificial nos processos eleitorais.
A inteligência artificial oferece oportunidades sem precedentes para reforçar os processos democráticos, mas também acarreta riscos importantes em termos de integridade eleitoral. A utilização da IA nas eleições levanta questões cruciais, especialmente quando se trata de combater a fraude eleitoral e de garantir eleições livres e justas.
Neste contexto, a recente conferência sobre Inteligência Artificial e Eleições organizada pela Yiaga Africa e pelos seus parceiros regionais em Nairobi, no Quénia, destaca a importância de enfrentar estes desafios de frente.
O advento da inteligência artificial também levou a uma proliferação de notícias falsas e desinformação alimentadas por algoritmos, subvertendo os padrões de veracidade e tornando mais difícil para os eleitores distinguir os factos da ficção. O acesso a informação fiável e credível é essencial para garantir a integridade dos processos eleitorais e permitir que os cidadãos tomem decisões informadas quando vão às urnas.
Apesar dos desafios colocados pela IA, esta pode ser utilizada de forma positiva para reforçar a participação dos cidadãos. Ferramentas alimentadas por IA, como o Thoko the Bot, desenvolvido pelo think tank sul-africano The Rivonia Circle, podem ajudar os eleitores a aceder a recursos críticos e informações eleitorais valiosas. Iniciativas como My Election Buddy na Nigéria ou Vote Compass na África do Sul mostram como a IA pode facilitar o acesso à informação eleitoral e reforçar o envolvimento democrático dos eleitores.
Ao explorar as implicações da democracia digital, é imperativo garantir que a utilização da IA nas eleições promova a inclusão e a igualdade de direitos civis e políticos. Na verdade, embora os avanços tecnológicos ofereçam novas possibilidades de acessibilidade eleitoral, é crucial garantir que todos os grupos da sociedade, incluindo os mais marginalizados, possam exercer plenamente o seu direito de voto..
Em conclusão, ao navegar neste cenário complexo de inteligência artificial e eleições, é essencial encontrar um equilíbrio entre a utilização da tecnologia para fortalecer a democracia e a proteção dos princípios fundamentais dos processos eleitorais. A colaboração entre intervenientes da sociedade civil, autoridades eleitorais e especialistas em tecnologia será crucial para garantir eleições livres, justas e transparentes no crucial ano eleitoral de 2024.