O fenómeno Salongo em Kinshasa e as suas consequências no estado insalubre das cidades congolesas
É interessante explorar a origem do fenómeno Salongo para compreender o seu impacto nas flagrantes condições insalubres em Kinshasa e noutras cidades do país. A função pública obrigatória do Salongo, instituída durante a segunda república, tinha como objetivo promover o trabalho e a manutenção dos espaços públicos. No entanto, ao longo do tempo, tornou-se um símbolo do descomprometimento das autoridades no saneamento.
O Salongo, inspirado na história de um zeloso trabalhador do porto de Matadi, foi criado na década de 1970 para mobilizar a população em torno do trabalho comunitário. Infelizmente, esta iniciativa despertou pouco entusiasmo entre os cidadãos, que a viam como um constrangimento imposto pelo Estado.
O trabalho de Salongo consistia em atividades de saneamento e manutenção em espaços públicos, mas por falta de fiscalização real e de meios adequados, essas ações tornaram-se ineficazes. As autoridades competentes não cumpriram as suas responsabilidades em matéria de saneamento, deixando as cidades a deteriorar-se gradualmente.
Hoje, o legado de Salongo é sentido nas condições insalubres generalizadas das cidades congolesas. Os resíduos acumulam-se nas ruas, as canalizações estão entupidas e a higiene pública deixa muito a desejar. A ausência de uma verdadeira política de saneamento e de consciência ecológica contribui para perpetuar esta situação alarmante.
É urgente que as autoridades revejam a sua abordagem ao saneamento e implementem medidas eficazes para combater condições insalubres. A população também deve ser conscientizada sobre a importância de preservar o meio ambiente e participar ativamente na manutenção da limpeza dos espaços públicos.
É hora de romper com o legado de Salongo, transformando este constrangimento numa oportunidade real para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos congoleses. O saneamento das cidades é uma questão importante para a saúde pública e o bem-estar da população, sendo dever de todos nós contribuir para a sua concretização.