Quando falamos da história em quadrinhos “Rwama, minha infância na Argélia (1975-1992)” de Salim Zerrouki, recentemente publicada pela Dargaud, mergulhamos literalmente no âmago da história íntima de um talentoso autor. Salim Zerrouki, através dos seus desenhos claros e expressivos, oferece uma visão comovente da Argélia durante este período tumultuado.
A originalidade desta banda desenhada reside na forma como Salim Zerrouki entrelaça a sua própria história com a do seu bairro, do seu edifício e da sua cidade, Argel. Ao explorar o quotidiano da classe média argelina, o autor retrata com delicadeza as esperanças despedaçadas, a desilusão, a corrupção política, a repressão da juventude e a emergência do islamismo.
Através do prisma do seu edifício dilapidado e da cidade popular vizinha, Salim Zerrouki pinta um retrato impressionante da sociedade argelina da época. Destaca as lutas e injustiças enfrentadas pelos moradores, ressoando estranhamente com certos aspectos da realidade atual.
Ao optar por contar a história da sua construção em paralelo com a da Argélia, Salim Zerrouki oferece uma leitura pessoal e sociológica do seu país. É através desta dualidade entre modernidade e declínio que emerge o retrato de uma nação em crise.
Em suma, “Rwama, a minha infância na Argélia (1975-1992)” é muito mais do que uma simples banda desenhada. É um testemunho comovente, uma história íntima que nos mergulha no coração da complexa história da Argélia através do olhar de uma criança. Salim Zerrouki consegue captar de forma brilhante a própria essência do seu país, oferecendo assim uma obra essencial para quem deseja compreender melhor este período turbulento da história argelina.