**O advogado burquinense Guy Hervé Kam é vítima de uma justiça sem saída**
Há um mês que Guy Hervé Kam, um famoso advogado burquinense, está detido sem ter sido julgado, mergulhando a sua família e os seus apoiantes na incerteza. Conhecido pelo seu compromisso com os direitos das vítimas da arbitrariedade, está hoje preso, acusado de perturbar a ordem pública.
O movimento Sens (Servir e não servir-se), co-fundado por Kam, continua a exigir a libertação do seu líder, denunciando uma detenção arbitrária que evidencia os excessos autoritários do poder em vigor em Ouagadougou.
Na verdade, o regime de transição, estabelecido na sequência de um golpe de Estado em 2022, utiliza requisições forçadas para recrutar cidadãos na luta contra grupos terroristas. Estas medidas atingiram duramente as pessoas que criticavam o governo, eliminando qualquer possível oposição.
O caso Kam é emblemático destes métodos repressivos. Raptado no aeroporto de Ouagadougou, o seu caso reflecte a falta de recursos legais eficazes face a detenções arbitrárias. Os advogados, embora mobilizados, chocam-se e denunciam uma justiça tendenciosa e manipulada.
A suspensão das requisições, obtida temporariamente em caso anterior, mostrou que os recursos continuavam possíveis. Mas estas vitórias legais continuam a ser raras, deixando muitos cidadãos vítimas da violência e da impunidade.
O recente desaparecimento de vários activistas, raptados sem cerimónia, ilustra o clima de terror que reina no país. A requisição parece tornar-se um instrumento de repressão sistemática contra qualquer voz dissidente, um sinal de um regime autoritário pronto a fazer tudo para amordaçar a oposição.
Perante esta situação preocupante, a comunidade internacional deve agir e pressionar as autoridades do Burkina Faso para que garantam o respeito pelos direitos humanos e a libertação dos presos políticos. O caso Guy Hervé Kam revela as falhas de um sistema judicial corrupto e a urgência de reformas profundas para restaurar o Estado de direito.