No actual contexto de agressão da República Democrática do Congo pelo Ruanda, a posição da Bélgica, que parece permanecer em segundo plano, levanta questões. Esta atitude põe em causa a sinceridade da cooperação belga-congolesa e põe em causa o compromisso da comunidade internacional para com África.
Perante esta situação, Raoul Hedebouw, presidente e deputado federal do Partido Trabalhista Belga (PTB), apelou ao povo congolês para não contar com o apoio dos governos ocidentais, sublinhando a necessidade de acreditar nas suas próprias forças. Denunciou o interesse económico que muitas vezes norteia a acção das potências ocidentais em África, destacando o desejo de explorar os recursos do continente.
Durante uma intervenção no parlamento belga, Raoul Hedebouw destacou a política de duplicidade de critérios da comunidade internacional, comparando a reação ao conflito russo-ucraniano e a agressão da RDC. Este questionamento destaca a necessidade de tratar todas as vidas humanas com o mesmo respeito, independentemente do seu país de origem.
Na verdade, a Bélgica vê-se por vezes dificultada nas suas ações devido a acordos internacionais ligados à exploração de recursos naturais em África, especialmente com o Ruanda. Esta situação realça as questões económicas que podem influenciar as posições assumidas pelos países europeus relativamente aos conflitos em África.
Assim, a posição não intervencionista da Bélgica no conflito entre o Ruanda e a RDC levanta questões sobre os compromissos políticos e económicos que podem influenciar as relações internacionais. Num mundo onde os interesses económicos por vezes têm precedência sobre os valores humanitários, é essencial permanecer vigilante e questionar as ações dos governos, a fim de promover uma cooperação internacional mais justa e equitativa.