Num contexto político tumultuado no Chade, o anúncio de um novo código eleitoral marca um passo crucial na transição iniciada após a morte do Presidente Idriss Déby Itno. Este decreto, em vigor desde 23 de fevereiro, visa regular as próximas eleições legislativas, senatoriais e autárquicas, mas sobretudo preparar o terreno para as eleições presidenciais que porão fim a este período de transição.
Desde a sua introdução, o novo código eleitoral provocou reações divergentes no seio da classe política. Se o Movimento de Salvação Patriótica (MPS) vê este passo como uma simples formalidade, o partido já designou o presidente de transição Mahamat Déby como potencial candidato. Este último, membro do MPS, deverá formalizar a sua candidatura no seio da Coligação para um Chade Unido, que reúne mais de 180 partidos e organizações, incluindo a União Nacional para o Desenvolvimento e Renovação (UNDR) de Saleh Kebzabo, o que não será disputar a corrida presidencial.
No entanto, as tensões internas estão a abalar alguns partidos da oposição, como o Rally para a Democracia e o Progresso (RDP) ou o Partido Socialista Sem Fronteiras (PSF) de Yaya Dillo. Este último põe em dúvida a sua participação nas eleições devido à opacidade que rodeia a composição dos órgãos eleitorais e do Tribunal Constitucional, visto como partidário do poder em vigor.
Neste clima político turbulento, o antigo opositor que se tornou Primeiro-Ministro, Succès Masra, vê-se confrontado com o seu primeiro grande teste, enquanto o país atravessa uma crise social desencadeada pelo aumento dos preços dos combustíveis. A sua estratégia futura continua a ser um enigma que poderá influenciar o curso das próximas eleições e o futuro político do Chade.
Paralelamente a estas convulsões políticas, a participação dos cidadãos continua a ser uma componente essencial do processo eleitoral. As mulheres, que constituem uma parte significativa do eleitorado, desempenham um papel crucial na expressão da sua vontade política através do voto. A sua mobilização e participação activa fortalecem a democracia e contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade equilibrada e inclusiva.
Nesta transição política turbulenta, é crucial garantir eleições livres, transparentes e inclusivas para permitir que o povo chadiano escolha legitimamente os seus líderes. Os riscos são elevados e a responsabilidade recai sobre todos os intervenientes políticos e cidadãos para garantir o respeito pelos princípios democráticos para o futuro do Chade.