Com seu último EP intitulado “Ritmo Mafia”, Idowest, o talentoso rapper, combina de forma brilhante suas influências de Hip Hop e afrobeats para criar sons que emocionarão multidões. Com domínio da língua iorubá e letras influenciadas pela rua, o artista oferece um projeto destinado a inflamar as discotecas.
Em “Ritmo Mafia”, o Idowest mistura de forma inteligente Hip Hop, afrobeats e amapiano, oferecendo assim uma música que talvez não reinvente o género, mas que tem o mérito de transmitir uma verdadeira presença urbana.
Mesmo quando Idowest faz samples, ele o faz de uma perspectiva pessoal e sociocultural, bem consciente da importância de tornar sua música acessível e comercialmente atraente. Na faixa de abertura “Masha Allah”, ele incorpora elementos de sua fé usando um clipe viral do TikTok de um estudioso islâmico, tudo acompanhado por acordes que lembram a música árabe. A produção, emprestada dos poderosos anos 808 de Grime and Drill, combina perfeitamente com as letras agressivas e afirmativas de Idowest que, como um membro influente da Cosa Nostra, exige o que lhe é devido enquanto alerta para não desafiá-lo.
A amostragem de “Forbidden City” capta as dificuldades socioeconómicas da Nigéria, misturando afrobeats e percussão amapiano que abala os oradores. Nesta peça, Idowest recorre a técnicas e fluxos que o tornaram um dos co-criadores da era Shaku Shaku, este movimento musical urbano muito popular.
Embora o Idowest pudesse ter optado pelo comentário social, optou por combinar a linguagem das ruas com música cativante, destinada principalmente a criar o clima.
Num cenário musical onde o amapiano ainda domina, Idowest recorre a este estilo para criar faixas que misturam referências culturais e linguagem urbana, cativando assim a atenção dos ouvintes.
Em “Cartel”, ele entrega um flow de tirar o fôlego em um instrumental amapiano enquanto integra a famosa letra de ODUMODUBLVCK retirada de “Cast” de Shallipopi. Ele também usa uma frase famosa de Wizkid oferecendo 20 milhões de nairas para Hypeman G.O.E, enquanto faz referência à cultura popular e à linguagem de rua. Embora a entrega seja tranquila, Idowest não diz nada diferente dos temas que conhece. Ele fala da “maga” que rende, das conquistas femininas à sua disposição e das garrafas que estoura, enquanto cumprimenta seus compatriotas na Malásia. Esta música, no entanto, parece feita para clubes, com piadas que fariam as delícias do apresentador e uma produção cativante que, sem ser dançante, chama a atenção.
Idowest também experimenta melodias que criam um ambiente oculto de estilo ocidental em “Devils Amapiano”, até mesmo usando encantamentos. Mas mais uma vez, a produção tem precedência sobre as palavras.
O EP “Ritmo Mafia” é inteiramente apoiado pela produção amapiana pensada para criar um efeito comercial e animar as noites. Idowest não oferece nada de novo, passando grande parte do álbum repetindo os mesmos temas. Ele não entrega versos contundentes, letras introspectivas ou críticas brutais ao establishment, como seria de esperar de um álbum de rap inspirado na filosofia da Máfia. A maior influência mafiosa presente neste álbum é a presença e o estilo de Idowest, auxiliado por seu tom sério e fraseado urbano.
Se o arranjo amapiano oferece alguns momentos de satisfação graças a peças como “Cartel”, “Cidade Proibida” e “Devils Amapiano”, os dois últimos títulos sofrem de produções confusas e confusas.
Idowest é um dos principais rappers da Nigéria, cuja música traz diversidade à cultura hip hop do país. Contudo, o EP “Ritmo Mafia” parece ser um projecto focado sobretudo na procura de comercialidade, com forte aposta numa produção intimamente relacionada com o amapiano. Podemos, portanto, lamentar a falta de profundidade e equilíbrio neste álbum, que não honra suficientemente os talentos do Idowest.
Embora Idowest não possa ser culpado por tentar criar sucessos club, pode-se legitimamente esperar que este artista explore mais profundidade e diversidade em sua música, proporcional ao seu talento.
Pontuação final: /10