“Violência na RDC: manifestações contra a inação da comunidade internacional”

A violência que assola o leste da RDC está no centro das preocupações internacionais. Dezenas de jovens organizaram recentemente manifestações em frente às embaixadas dos países ocidentais, apelando a uma intervenção mais vigorosa da comunidade internacional para pôr fim a esta violência. Estas manifestações suscitaram reacções por parte de ONG e de embaixadas ocidentais, que apelaram a uma desanuviação da situação.

No terreno, continuam os confrontos armados entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e o grupo rebelde M23 na província do Kivu do Norte, a cerca de 30 km da cidade de Goma. Esta situação exacerbou a já crítica crise humanitária na região, forçando muitas pessoas deslocadas a chegarem à capital regional.

No entanto, o que tem atraído especial atenção é a viralidade de imagens que mostram membros do governo simulando uma arma apontada para a têmpora com a mão sobre a boca, uma representação popularizada pela selecção nacional de futebol da RDC. Esta acção visa denunciar o alegado silêncio da comunidade internacional face à crise humanitária e de segurança em curso.

Perante estas manifestações e esta pressão crescente, as embaixadas ocidentais reagiram reafirmando a sua posição no conflito e apelando a uma desanuviação da situação. A Embaixada dos Estados Unidos em Kinshasa afirmou o seu apoio a uma RDC “forte, estável e pacífica”, ao mesmo tempo que recordou as condições estabelecidas pelo Presidente Félix Tshisekedi para qualquer diálogo com o Ruanda.

Por sua vez, a Ministra dos Negócios Estrangeiros belga pediu ao Ruanda que cessasse todo o apoio ao grupo rebelde M23, lembrando ao mesmo tempo às autoridades congolesas a necessidade de garantir que as forças leais não colaborem com as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR). , um grupo armado Hutu presente no leste da RDC.

O Reino Unido também condenou a violenta ofensiva do M23 e comprometeu-se a apoiar iniciativas para fomentar o diálogo e promover o regresso aos processos regionais de construção da paz. O país destacou que mais de 135 mil pessoas foram deslocadas numa semana nas províncias de Kivu do Norte e do Sul, na sequência dos ataques do M23.

Tendo isto em mente, o enviado especial das Nações Unidas para a região dos Grandes Lagos de África, Huang Xia, reuniu-se com o Presidente angolano João Lourenço, mediador nomeado pela União Africana nesta crise. Esta reunião visa encontrar soluções e criar mecanismos para pôr fim à violência e promover a paz no leste da RDC.

É essencial que a comunidade internacional se envolva mais e implemente ações concretas para ajudar a RDC a superar esta crise.. A situação humanitária é alarmante e é necessário prestar maior apoio às populações afetadas pela violência. Esperemos que as manifestações e apelos dos jovens congoleses em frente às embaixadas ocidentais conduzam à sensibilização e à acção colectiva para resolver esta crise e restaurar a paz no leste da RDC.

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