Título: Tensões diplomáticas entre Kinshasa e Kigali: iniciativas para uma resolução pacífica
Introdução :
A situação de segurança na região dos Grandes Lagos, mais particularmente na província do Kivu do Norte, na RDC, é preocupante. As tensões entre Kinshasa e Kigali contribuíram para o agravamento da situação, especialmente devido ao apoio do Ruanda aos rebeldes do M23. Perante esta situação complexa, várias iniciativas diplomáticas foram postas em prática para tentar encontrar uma solução pacífica. Este artigo analisa estas iniciativas e a necessidade de as reactivar para alcançar uma solução duradoura.
O papel das Nações Unidas e dos atores regionais:
Jean-Pierre Lacroix, Subsecretário-Geral das Nações Unidas para as Operações de Paz, sublinha a importância de retomar as discussões e os esforços diplomáticos já empreendidos. Menciona nomeadamente os processos em Nairobi, liderados pelo ex-presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, e em Luanda, liderados pelo presidente de Angola, João Lourenço. Estas iniciativas envolvem também outros parceiros regionais e internacionais.
A necessidade de relançar os esforços diplomáticos:
Após um período de abrandamento das iniciativas diplomáticas devido ao contexto eleitoral, é fundamental reativá-las. Foi disso que falou Christophe Lutundula, Ministro congolês dos Negócios Estrangeiros, durante uma conferência de imprensa conjunta com Jean-Pierre Lacroix. Afirmou que as Nações Unidas apoiam activamente a retoma destes esforços. A crise no leste da RDC exige uma solução diplomática que envolva todos os intervenientes regionais.
O roteiro de Luanda:
O Roteiro de Luanda continua a ser o único plano de saída da crise actualmente em vigor para procurar paz e segurança face às tensões entre Kinshasa e Kigali. Este roteiro foi assinado em 2022 pelo Ruanda e pela RDC. No entanto, Kinshasa acusa regularmente o Ruanda de apoiar a rebelião do M23, enquanto Kigali contesta esta acusação.
O ressurgimento do M23 e os combates recentes:
Desde o ressurgimento do M23 no final de 2021, os confrontos intensificaram-se na província do Kivu do Norte. Os combatentes do M23 criticam Kinshasa por não ter respeitado os acordos sobre a sua desmobilização. Apoiado pelo Ruanda, o M23 conseguiu avançar em determinadas áreas, criando assim uma situação de tensão e instabilidade, particularmente na cidade de Goma.
Conclusão:
Para conseguir uma resolução pacífica das tensões entre Kinshasa e Kigali, é essencial relançar as iniciativas diplomáticas que foram postas em prática. As Nações Unidas e os intervenientes regionais devem continuar a desempenhar um papel activo neste processo. O Roteiro de Luanda continua a ser o único plano concreto a sair desta crise, mas é necessária maior vontade política e cooperação regional para fazer avançar as negociações. O objectivo final é garantir a paz e a segurança na região dos Grandes Lagos.