A África do Sul enfrenta um grande desafio energético. O país enfrenta uma escassez de energia e procura soluções para manter o seu fornecimento de electricidade. No entanto, o Plano de Recursos Integrados (IRP) recentemente lançado propõe adiar o desmantelamento de algumas centrais eléctricas alimentadas a carvão operadas pela Eskom, a principal empresa de energia do país.
Ao abrigo do plano original de 2019, a África do Sul planeava desmantelar cerca de 24.100 megawatts de capacidade alimentada a carvão até 2034. No entanto, o novo plano propõe o adiamento do encerramento destas centrais para evitar o impacto económico do seu desmantelamento prematuro.
Segundo July Ndlovu, CEO da Thungela, esta proposta é uma aceitação da realidade. Ele salienta que o país já carece de electricidade e não está a investir suficientemente rápido em energias renováveis para compensar este défice. Ele questiona, portanto, a lógica de fechar centrais eléctricas existentes quando já é difícil satisfazer a procura.
Esta proposta é também uma boa notícia para os produtores locais de carvão, que foram afectados pelas restrições logísticas ligadas à Transnet, bem como pela queda dos preços do carvão. Segundo o Conselho de Minerais, o valor total das vendas de carvão caiu 22,1% em 2023 face ao ano anterior.
Contudo, o carvão continua a ser um tema de investimento complexo. Na verdade, algumas instituições financeiras, como o Nedbank, descartaram o financiamento de minas de carvão térmico fora da África do Sul. Apesar disso, alguns especialistas acreditam que o carvão continuará a estar presente no panorama energético da África do Sul durante várias décadas. Os contratos existentes com fornecedores de electricidade, como a Eskom, bem como as restrições à criação de novas fontes de energia, manterão a procura de carvão.
Em conclusão, o atraso no desmantelamento das centrais eléctricas alimentadas a carvão na África do Sul provoca reacções diversas. Embora isto ajude a garantir um fornecimento suficiente de electricidade a curto prazo e apoie a indústria mineira local, também levanta questões sobre a transição para uma energia mais limpa a longo prazo.