O cenário político nos Camarões está em plena turbulência à medida que se aproximam as próximas eleições presidenciais, marcadas para dentro de 18 meses. Enquanto alguns defendem uma mobilização direta em apoio a Maurice Kamto, considerado o candidato mais promissor da oposição, outros defendem uma abordagem mais consensual e sugerem a ideia de primárias para selecionar o candidato da oposição.
Duas coligações já foram formadas neste contexto. A primeira é a Aliança Política para a Mudança (APC), anunciada na última convenção do Movimento para o Renascimento dos Camarões (MRC). Maurice Kamto é o candidato designado desta coligação, que beneficia nomeadamente do apoio da Frente para a Mudança dos Camarões, liderada por Jean-Michel Nintcheu, antigo membro das FDS. Segundo Nintcheu, é hora de acabar com a procrastinação e reunir toda a oposição em torno de Maurice Kamto, considerado o homem capaz de provocar mudanças.
Por outro lado, uma nova coligação, a Aliança Política para a Transição (APT), viu recentemente a luz do dia, liderada por Olivier Bile, um candidato fracassado nas eleições presidenciais de 2018. Esta coligação está em discussões com vários membros da oposição e civis. atores da sociedade.
Estas duas alianças cobiçam as mesmas figuras políticas e os mesmos aparelhos da oposição e da sociedade civil. Uma das personalidades mais cortejadas é Cabral Libii, deputado e presidente do Partido Camaronês para a Reconciliação Nacional, que ficou oficialmente em terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais. Ambas as coligações procuram o seu apoio, mas até agora Cabral Libii ainda não deu resposta. No entanto, manifestou apoio a outro método de seleção do candidato da oposição e criticou a ideia de uma candidatura “providencial” imposta a outros dirigentes. Ainda há um longo caminho a percorrer antes de nomear um candidato consensual para a oposição.
É claro que as próximas eleições presidenciais nos Camarões serão uma questão crucial para o país. Os vários actores da oposição devem trabalhar de mãos dadas para encontrar um candidato forte e unificador, capaz de desafiar o partido no poder. O caminho para uma oposição unida e bem organizada ainda é longo, mas se for bem percorrido, poderá oferecer uma alternativa real ao povo camaronês. Permaneçamos atentos aos desenvolvimentos futuros.