A retirada das juntas militares do Mali, do Níger e do Burkina Faso da CEDEAO criou uma onda de choque nas notícias políticas na África Ocidental. As tensões entre os países da Aliança dos Estados do Sahel e o organismo sub-regional aumentaram nos últimos meses, culminando nesta decisão radical.
As juntas militares justificaram a sua saída da CEDEAO declarando que a organização se tinha tornado uma ameaça para os seus estados membros e as suas populações. Também acusaram a CEDEAO de estar sob a influência de potências estrangeiras. Esta ruptura marca o culminar de um diálogo de surdos entre os três países e a organização, nomeadamente no que diz respeito às sanções económicas, à luta contra o terrorismo e ao regresso ao poder dos civis.
Confrontadas com esta situação, as juntas militares do Mali, do Níger e do Burkina Faso parecem agora estar a virar-se para o reforço da sua cooperação no âmbito da Aliança dos Estados do Sahel (AES). Esta estrutura, criada em Setembro passado, visa combater grupos jihadistas, mas também vai além do quadro militar com uma dimensão política, diplomática e económica. Foram realizadas reuniões entre os Ministros da Economia e das Relações Exteriores dos três países para estruturar a arquitetura da Aliança.
Há rumores de que inicialmente a ênfase poderia ser colocada no desenvolvimento do aeroporto de Ouagadougou, que se tornaria assim um centro para os países da Aliança. Esta cooperação reforçada dentro da AES poderia potencialmente compensar a saída dos três países da CEDEAO.
Do lado da CEDEAO, procuramos uma solução negociada para quebrar o impasse político criado pela saída do Mali, do Níger e do Burkina Faso. O desejo é preservar a paz, a segurança e a estabilidade na região. No entanto, a base desta solução continua por definir.
Em conclusão, a retirada das juntas militares do Mali, do Níger e do Burkina Faso da CEDEAO marca um ponto de viragem nas relações entre estes países e a organização sub-regional. À medida que as tensões atingiram um ponto crítico, as juntas recorrem a uma cooperação reforçada dentro da Aliança dos Estados do Sahel, enquanto a CEDEAO procura uma solução negociada para preservar a estabilidade da região.