A corrupção é um flagelo que continua a assolar Madagáscar, apesar dos esforços envidados para combater este fenómeno. Segundo a ONG Transparency International, o país obteve uma pontuação de 25/100 no seu índice de percepção de corrupção em 2023, pontuação inferior à média do continente africano. Isto demonstra as dificuldades de Madagáscar em pôr fim às práticas corruptas dentro do Estado.
Ao longo dos anos, os escândalos de corrupção multiplicaram-se, evidenciando a má gestão dos fundos públicos. Por exemplo, em 2022, o Tribunal de Contas apontou o dedo ao executivo pela gestão dos fundos da Covid. Quase 972 milhões de ariary, destinados ao combate à pandemia, seriam provavelmente desviados. Apesar disso, nenhuma ação concreta foi tomada pelas autoridades anticorrupção.
A impunidade e a impotência são as principais razões desta estagnação na luta contra a corrupção, segundo Ketakandriana Rafitoson, diretora executiva da Transparency International Initiative Madagascar. Os recursos atribuídos às instituições anticorrupção são muito limitados, sendo apenas 0,13% do orçamento do Estado dedicado a elas. Existe, portanto, um fosso entre os discursos que promovem a luta contra a corrupção e as ações concretas, simbolizadas por um orçamento insignificante. Além disso, Madagascar nunca conseguiu atingir a pontuação de 2012, que foi de 32/100.
Perante esta realidade alarmante, a Transparência Internacional apela ao governo malgaxe para que tome medidas mais concretas. Augustin Andriamananoro, ministro da Comunicação e Cultura, afirmou o apoio do executivo no combate à corrupção. No entanto, reconhece que ainda há um longo caminho a percorrer e que esforços adicionais devem ser empreendidos.
Em 2018, durante a sua reeleição, o presidente malgaxe comprometeu-se a erradicar a corrupção. No entanto, este compromisso demora a materializar-se. A Transparency International estabelece, portanto, objectivos para Madagáscar, nomeadamente alcançar uma pontuação de 30/100 até 2027, visando depois uma pontuação de 60/100 até 2040, correspondendo ao desempenho actual do Botswana.
A luta contra a corrupção continua a ser um grande desafio para Madagáscar. É essencial que as autoridades tomem medidas mais fortes para conter este fenómeno, a fim de garantir um futuro mais imparcial e equitativo para o país.
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