Título: Issiaka Diaby, uma figura comprometida na sociedade civil da Costa do Marfim, morre
Introdução :
No dia 23 de Janeiro, a Costa do Marfim perdeu uma das suas vozes mais empenhadas na justiça e na defesa dos direitos das vítimas da crise pós-eleitoral de 2010-2011. Issiaka Diaby, presidente do Coletivo de Vítimas da Costa do Marfim (CVCI), morreu após uma cirurgia na perna. A sua partida deixa um vazio na paisagem da sociedade civil marfinense, mas o seu impacto e legado continuarão a inspirar aqueles que lutam pela verdade e pela justiça.
Um fervoroso defensor das vítimas da crise pós-eleitoral:
Issiaka Diaby fez da defesa das vítimas da crise pós-eleitoral de 2010-2011 a sua principal missão. Como presidente da CVCI, pretendia dar voz às vítimas que sofreram com a violência e as atrocidades cometidas durante este período negro da história da Costa do Marfim. Liderou uma campanha activa nos meios de comunicação social e acompanhou as vítimas durante os julgamentos, procurando justiça e reparação para elas.
Um compromisso criticado e controverso:
Apesar dos seus esforços louváveis, Issiaka Diaby também foi criticado pela sua parcialidade em relação às vítimas do campo de Laurent Gbagbo, o antigo presidente da Costa do Marfim. Alguns acusaram-no de estar próximo dos que estão no poder e de não defender de forma justa todas as vítimas envolvidas na crise pós-eleitoral. No entanto, é importante sublinhar que as suas acções foram motivadas pela sua busca de justiça e reconciliação, a fim de evitar que eventos tão trágicos se repetissem no futuro.
Uma voz contra a impunidade:
Issiaka Diaby testemunhou contra Laurent Gbagbo e Charles Blé Goudé durante o seu julgamento perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia. Ele expressou decepção quando o ex-presidente foi absolvido em 2021, dizendo que isso destacou as fraquezas do sistema de justiça internacional. Ele também apelou para que Gbagbo não regressasse à Costa do Marfim e que fosse preso quando regressasse a Abidjan, para garantir que a justiça fosse feita.
Um compromisso para além da crise pós-eleitoral:
Ao longo dos anos, Issiaka Diaby alargou o seu âmbito e denunciou outros problemas que afectam a sociedade marfinense. Por exemplo, chamou a atenção para as falsificações nas barras de reforço utilizadas na construção, responsáveis por numerosos desmoronamentos de edifícios em Abidjan. A sua luta pela segurança e qualidade no sector da construção testemunha a sua vontade inabalável de defender os direitos dos cidadãos.
Conclusão:
Issiaka Diaby deixa um legado de coragem, compromisso e determinação na luta pela justiça e reparação das vítimas. A sua morte é uma perda para a sociedade civil marfinense, mas o seu legado continuará a inspirar aqueles que continuam a sua luta. O seu trabalho destaca a importância das vozes das vítimas na busca pela verdade e pela justiça e lembra-nos que as injustiças nunca devem ser esquecidas.