Fantoche ou verdadeiro desafiante? Boris Nadezhdin, candidato às eleições presidenciais russas em março de 2024, está a atrair a atenção do público com a sua campanha baseada num programa anti-guerra e anti-Putin. Embora milhares de russos se tenham mobilizado para apoiar a sua candidatura, alguns questionam-se se Nadezhdine não será um fantoche manipulado pelo próprio Kremlin.
A recolha de assinaturas é um grande desafio para os candidatos não afiliados a um partido político representado na Duma. Nadejdine e a sua equipa conseguiram reunir as 100.000 assinaturas necessárias para validar a sua candidatura, mas agora pretendem 150.000 para se protegerem contra uma possível manipulação por parte da comissão eleitoral. Na verdade, este último já foi acusado no passado de ser um instrumento do Kremlin para eliminar adversários problemáticos.
As posições políticas de Nadezhdine lhe renderam o apoio de figuras da oposição, como o coletivo anticorrupção de Alexei Navalny e o empresário Mikhail Khodorkovsky. No entanto, alguns opositores do actual regime continuam a suspeitar de Nadezhdine, chamando-o de “fantoche do Kremlin”. Eles questionam a sua liberdade de expressão e perguntam-se como é que ele foi capaz de criticar abertamente Vladimir Putin sem ser perturbado.
Esta desconfiança nos candidatos da oposição é comum na Rússia, onde o cenário político é rigidamente controlado pelo Kremlin. Qualquer nova figura emergente é suspeita de ser um fantoche manipulado pelos serviços de inteligência russos. Nadezhdine não é excepção a esta regra, e alguns dos seus apoiantes iniciais recusaram-se mesmo a apoiá-lo, temendo que ele fosse apenas uma fachada para os interesses daqueles que estão no poder.
Então, fantoche ou verdadeiro desafiante? Só o tempo irá dizer. A campanha eleitoral na Rússia promete ser animada com a presença de Boris Nadezhdine, que pretende desafiar Vladimir Putin em todas as frentes. Resta saber se esta candidatura inesperada será realmente capaz de abalar a ordem estabelecida e oferecer uma alternativa credível ao líder russo. Os próximos meses serão decisivos e permitir-nos-ão ver se Nadezhdine é verdadeiramente uma voz independente ou simplesmente uma marionete do Kremlin.