Muitas vezes tendemos a pensar que as notícias se limitam a acontecimentos mundiais, factos políticos ou escândalos mediáticos. Mas é importante não esquecer que as notícias também dizem respeito a acontecimentos mais locais, que podem ter um impacto significativo na vida das populações.
É o caso do recente ataque perpetrado por rebeldes na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Pelo menos 19 pessoas perderam a vida quando os rebeldes bombardearam a cidade de Mweso, lançando morteiros indiscriminadamente. Este ataque também deixou 27 civis feridos.
A cidade de Mweso ficou deserta enquanto a maioria dos seus residentes se refugiou no Hospital Geral de Mweso. O ataque foi atribuído ao grupo rebelde M23, que ganhou destaque há 10 anos, quando assumiu o controlo de Goma, a maior cidade do leste do Congo, na fronteira com o Ruanda. O grupo M23 refere-se a um acordo de paz de 23 de Março de 2009, que acusa o governo de não ter implementado.
Infelizmente, este ataque não é um incidente isolado. Especialistas das Nações Unidas alertaram no ano passado que os ataques dos combatentes do M23 se tornaram mais frequentes, mais longos e mais violentos, e que o território sob o controlo do grupo aumentou significativamente, levando à deslocação em massa de civis e ao bombardeamento indiscriminado. Os combatentes do M23 também “mataram civis deliberadamente” e atacaram as forças de manutenção da paz das Nações Unidas.
Esta situação ilustra o problema persistente da violência no leste do Congo, onde mais de 120 grupos lutam pelo poder, território e recursos minerais valiosos, enquanto outros tentam defender as suas comunidades. A crise de segurança foi uma questão importante durante as recentes eleições presidenciais na RDC, onde o Presidente Félix Tshisekedi foi reeleito com a promessa de pôr fim à violência.
Tshisekedi acusa o Ruanda de desestabilizar a RDC ao apoiar os rebeldes do M23. Especialistas da ONU ligaram os rebeldes às forças ruandesas, embora Ruanda negue apoiá-los.
É importante acompanhar estes acontecimentos locais e destacá-los porque têm um enorme impacto na vida das pessoas que são diretamente afetadas por eles. Salientam também a necessidade de procurar soluções duradouras para acabar com a violência nesta conturbada região do Congo.