A questão dos direitos humanos na Índia suscita muitas preocupações a nível internacional. Embora o país seja elogiado pelo seu rápido crescimento económico e pela sua liderança na cena mundial, muitas vozes se levantam para denunciar as violações dos direitos humanos que ocorrem na Índia.
Organizações como a Human Rights Watch acusaram o governo indiano, liderado por Narendra Modi, de tendência autoritária e religiosa. No entanto, durante a sua recente visita à Índia, Emmanuel Macron pareceu evitar levantar esta questão, destacando os aspectos económicos e estratégicos da relação entre os dois países.
Alguns observadores vêem isto como uma assimetria fundamental na relação entre a França e a Índia. Jean-Joseph Boillot, especialista na Índia, sublinha que a França, apesar dos seus esforços para estabelecer uma parceria equilibrada, encontra-se numa posição em que já não pode dar-se ao luxo de criticar as violações dos direitos humanos na Índia, porque se tornou um importante actor diplomático no cenário internacional.
A Índia posiciona-se como um actor-chave nos domínios da defesa, da energia nuclear e da aeronáutica, e desempenha um papel importante na geopolítica do Indo-Pacífico, particularmente como aliada da França e dos Estados Unidos na luta contra a influência chinesa.
Esta situação dá à Índia uma margem de manobra significativa e permite-lhe evitar críticas sobre questões de direitos humanos. O país pratica a diplomacia de não-alinhamento, mantendo relações com várias potências mundiais, ignorando a pressão internacional sobre questões de direitos humanos.
Contudo, a perseguição às minorias, a repressão dos meios de comunicação social e os ataques à liberdade de expressão são muito reais na Índia. Algumas vozes críticas deploram o silêncio dos governos estrangeiros, incluindo a França, que negligenciam estas questões em nome de interesses económicos e estratégicos.
Com efeito, a visita de Emmanuel Macron à Índia foi manchada pelo caso da expulsão da jornalista francesa Vanessa Dougnac, que vive na Índia há mais de 20 anos e que foi criticada pelo governo indiano pela sua cobertura considerada “maliciosa” das notícias. .
Esta situação realça as crescentes dificuldades enfrentadas pelos jornalistas estrangeiros na Índia, bem como o declínio da liberdade de imprensa no país. Os próprios jornalistas indianos são cada vez mais forçados a autocensurar-se para evitar represálias e ameaças físicas.
É, portanto, essencial que os governos e os intervenientes internacionais não negligenciem as questões dos direitos humanos na Índia em nome de interesses económicos e estratégicos. O respeito pelos direitos humanos deve ser uma prioridade, mesmo nas relações bilaterais mais importantes. Uma verdadeira parceria equilibrada não pode basear-se apenas no crescimento económico e no poder diplomático, mas deve incluir também os princípios fundamentais do respeito pelos direitos humanos e da liberdade de expressão.