Os desafios económicos que o Egipto enfrenta em 2024
De acordo com a agência de classificação Moody’s, o Egipto enfrentará pressões significativas de dívida e de liquidez financeira em 2024. No seu relatório sobre a região do Médio Oriente e Norte de África, a agência também prevê uma nova depreciação da libra egípcia, como sugerido pelos preços no paralelo mercado.
Uma das consequências desta desvalorização da moeda local e da inflação elevada deverá ser um declínio no consumo e no investimento no Egipto. Com efeito, a combinação da desvalorização da moeda local, do aumento da inflação e das taxas de juro deverá afectar negativamente estes dois parâmetros económicos.
Além disso, mais de 60% das receitas do Egipto serão gastas no reembolso de juros da dívida para o ano fiscal que termina em Junho de 2024, limitando significativamente a flexibilidade financeira do governo para lidar com choques económicos, como os confrontos entre Israel e o Hamas em Gaza.
Para colmatar o seu défice de financiamento, o Egipto depende parcialmente do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora este último esteja actualmente atrasado devido à incapacidade de cumprir as metas estabelecidas. Ao mesmo tempo, o governo também aposta em investimentos directos estrangeiros para colmatar este défice.
A Moody’s estima que as consequências do conflito em curso entre Israel e o Hamas se limitarão ao Egipto e ao Líbano, desde que o conflito continue centrado em Gaza. No entanto, o redireccionamento de navios devido ao bloqueio parcial do Estreito de Bab el-Mandeb pelos rebeldes Houthi afectará as receitas do Canal de Suez, 60-70% das quais vão para o governo egípcio.
Relativamente ao sector do turismo, a Moody’s prevê impactos a longo prazo devido à proximidade geográfica do Egipto com a região em crise. Embora os efeitos sociais e financeiros desta crise sejam actualmente limitados, espera-se que a indústria do turismo egípcia seja afectada de forma duradoura.
A crise no Mar Vermelho também teve impacto no comércio global, com redução na passagem de navios pelo Estreito de Bab el-Mandeb. Os rebeldes Houthi no Iémen declararam a sua intenção de continuar a atacar navios com destino a Israel, apesar dos Estados Unidos terem estabelecido a Operação Prosperity Guardian, uma força marítima internacional encarregada de proteger os navios. Isto levou a uma queda significativa na passagem de petroleiros pelo estreito.
Como parte do acordo com o FMI, espera-se que o Egipto desvalorize a sua moeda, o que terá impacto na inflação. Embora a inflação esteja a abrandar, espera-se que permaneça acima da meta do banco central até meados de 2025.
Apesar destes desafios económicos, o governo egípcio continua a negociar com o FMI e o Departamento do Tesouro dos EUA para implementar um plano económico que será anunciado em breve. O objectivo é apoiar o crescimento económico e superar as dificuldades actuais.