“Eleições controversas nas Comores: motins e manifestações em Moroni após a contestada reeleição do Presidente Azali Assoumani”

Em 16 de janeiro de 2024, a capital das Comores, Moroni, foi palco de violentos tumultos após o anúncio dos resultados das eleições presidenciais. Azali Assoumani foi reeleito com 62,97% dos votos, o que levou à contestação de cinco candidatos da oposição. Estes últimos denunciam inconsistências nos números anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (Céni) e exigem a anulação da votação.

A oposição expressou a sua insatisfação enviando uma carta à comunidade internacional e aos observadores da União Africana (UA). Destacam discrepâncias significativas no número de eleitores entre a eleição para governador e a do presidente, passando de quase 190 000 para pouco mais de 55 000. Estes números põem em causa a legitimidade dos resultados e realçam uma possível fraude eleitoral.

Já em 14 de janeiro, ainda antes do final da votação, os candidatos da oposição já tinham denunciado a fraude e o enchimento de votos, colocando em causa a fiabilidade do processo eleitoral. Estes protestos foram seguidos por manifestações violentas nas ruas de Moroni, com escombros espalhados pelas estradas e uma tensão palpável.

O governo, por seu lado, reagiu descrevendo a exigência da oposição de cancelar as eleições, apelando à comunidade internacional como “cómica”. Sugeriu que levasse o assunto ao Supremo Tribunal do país, afirmando que as eleições são uma questão de soberania nacional.

Apesar desta resposta, a oposição declarou a sua intenção de interpor recurso junto do Supremo Tribunal para contestar os resultados. No entanto, alguns candidatos estão cépticos quanto ao resultado desta abordagem, dado o contexto político tenso e a destituição do presidente da secção do Supremo Tribunal responsável pelas disputas eleitorais, pouco antes das eleições.

As imagens dos motins e manifestações em Moroni testemunham a frustração e a raiva que reinam entre parte da população comoriana. A contestação dos resultados e as exigências de anulação da votação reflectem um clima político muito tenso no país.

É crucial permanecer atento à evolução da situação nas Comores e acompanhar de perto a evolução política neste período pós-eleitoral. A estabilidade do país e o respeito pela democracia estão em jogo e é essencial encontrar soluções pacíficas e transparentes para dar resposta às preocupações de todos os intervenientes políticos comorianos.

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