Título: O corajoso compromisso do ANC com a libertação palestiniana: um ponto de viragem decisivo?
Introdução :
Desde a sua decisão de apoiar a luta pela libertação da Palestina, o Congresso Nacional Africano (ANC) tem despertado admiração e esperança. Mas poderá este compromisso corajoso ser o momento Morogoro do ANC, onde o partido recuperou a sua força e integridade ideológica? Para que isso aconteça, o ANC deve demonstrar a mesma determinação no combate à corrupção endémica, à pobreza crescente, às condições socioeconómicas degradantes, à desintegração das instituições governamentais e das empresas estatais.
Lições de Morogoro:
O momento Morogoro do ANC em 1969, na Conferência Consultiva Nacional, pode servir de inspiração. Naquela época, o partido estava numa posição fraca e enfrentava uma ameaça existencial, tal como acontece hoje. A conferência permitiu ao ANC reforçar o seu compromisso com a luta pela libertação da África do Sul, mantendo-se aliado ao Partido Comunista Sul-Africano. Além disso, apesar da concorrência do Congresso Pan-Africano, o ANC abriu as suas fileiras a membros de todas as raças.
O impacto do compromisso com a Palestina:
O apoio do ANC à libertação palestiniana gerou reacções positivas tanto dentro do partido como internacionalmente. No entanto, para que este compromisso beneficie verdadeiramente os sul-africanos e os desafios que enfrentam diariamente, o ANC deve aplicar o mesmo rigor na luta contra a corrupção, o desemprego e a má gestão das empresas estatais e das instituições governamentais.
Superando obstáculos:
Desde 1990, o ANC tem lutado para se adaptar à nova realidade da África do Sul pós-apartheid. O partido luta para se transformar num movimento de reconstrução, cooperação e parceria. Isto resulta numa perda da sua alma militante em favor de uma política transaccional sem verdadeiro compromisso social e político.
Conclusão:
O compromisso do ANC com a libertação palestiniana pode ser visto como um sinal de esperança, uma lembrança do seu passado militante. No entanto, para que este compromisso seja verdadeiramente benéfico para a sociedade sul-africana, o ANC deve aplicar a mesma determinação e integridade no tratamento dos seus problemas internos. Só então o ANC poderá verdadeiramente incorporar os princípios do não-racismo, do não-sexismo e da unificação da África do Sul.