A República Democrática do Congo (RDC) vive actualmente um novo surto de tensões políticas, na sequência das retumbantes declarações do Vice-Primeiro-Ministro e Ministro do Interior, Segurança e Assuntos Consuetudinários, Peter Kazadi. Os seus comentários acrescentaram lenha ao fogo já aceso no cenário político congolês, destacando divisões internas e ameaças externas.
No seu discurso, Peter Kazadi não mediu palavras, denunciando as ameaças que pesam sobre a estabilidade do país, tanto de dentro como de fora. Afirmou que alguns actores internos estavam em conluio com inimigos externos, procurando semear problemas e incitar a população à não-civilidade. Perante estes perigos, o governo tomou medidas firmes, com um exército em alerta máximo e uma polícia pronta para lidar com qualquer excesso.
Estas declarações ecoaram críticas de membros da Frente Comum para o Congo (FCC), o partido político do antigo Presidente Joseph Kabila. Estes últimos contestam o actual processo eleitoral e acusam o actual governo de Félix Tshisekedi de excessos autoritários. A tensão aumentou, com discussões acaloradas entre as diferentes facções políticas do país.
Nesta atmosfera eletrizante, alguns membros da FCC, como a senadora Francine Muyumba, sublinharam a importância do direito à livre expressão política. Ela lembrou que mesmo quando boicotaram o processo eleitoral em 2006, não foram silenciados. Por seu lado, Félix Momat, também da FCC, questionou a farsa eleitoral e apelou à humildade por parte do vice-primeiro-ministro.
No entanto, Marie-Ange Mushobekwa, antiga Ministra dos Direitos Humanos e executiva da FCC, defendeu a diversidade de opiniões dentro da política congolesa. Ela destacou as diferenças fundamentais entre a FCC e o partido no poder, insistindo que a FCC não procurava copiar a actual oposição, mas permanecer fiel aos seus princípios.
Embora os resultados finais das eleições ainda sejam aguardados, a tensão continua palpável na RDC. Os apelos ao cancelamento e à reorganização do processo eleitoral estão a aumentar no seio da oposição e da sociedade civil, acrescentando uma dose adicional de incerteza e instabilidade à situação já precária do país.
É essencial acompanhar de perto a evolução da situação na RDC, porque as questões políticas e sociais são importantes para a estabilidade e o desenvolvimento do país.