Resultados das eleições presidenciais na diáspora congolesa: uma surpresa para Moïse Katumbi
Desde sexta-feira, a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) começou a publicar os resultados parciais das eleições presidenciais de dezembro de 2023 na República Democrática do Congo. Um dos primeiros anúncios diz respeito aos votos da diáspora congolesa. E os resultados foram surpreendentes, com uma vitória esmagadora de Félix Tshisekedi na diáspora.
Durante muitos anos, a diáspora foi considerada um bastião da oposição e um foco de protesto contra o poder existente. No entanto, os resultados publicados pela CENI mostram que Tshisekedi obteve entre 70% e 80% dos votos na diáspora, marcando uma reviravolta inesperada. Então, o que explica este sucesso de Tshisekedi e este fracasso retumbante de Moïse Katumbi na diáspora?
Um dos factores-chave nesta diferença de votos pode ser o envolvimento político. Na verdade, o partido de Katumbi, “Juntos pela República”, é praticamente inexistente na diáspora, onde o compromisso político é um valor primordial. As assembleias de voto na diáspora foram instaladas nas capitais dos países em questão, o que significa que muitos eleitores tiveram de viajar para exercer o seu direito de voto. É necessário um verdadeiro compromisso político, activismo e patriotismo para realizar tais feitos e votar num presidente num país onde não reside.
Além disso, Katumbi também pagou o preço pela sua atitude negligente em relação à questão da segurança. Evitou criticar abertamente o Ruanda e o seu presidente Paul Kagame, enquanto a diáspora congolesa tem estado activa há muito tempo na luta contra a agressão ruandesa. Esta omissão funcionou certamente em desvantagem para os congoleses que vivem no estrangeiro.
No entanto, há também que reconhecer que a oposição, e em particular Moïse Katumbi, pode ter subestimado as mudanças políticas em curso. Os dias em que um presidente impopular podia governar sem verdadeiros activistas acabaram. Félix Tshisekedi beneficia de um partido de massas bem estruturado e enraizado na diáspora há muitos anos. Ele também soube interagir com a diáspora, responder às suas preocupações e perguntas, e a sua mente aberta foi apreciada. A diáspora congolesa chegou a apelidar Tshisekedi de “Concreto”, reconhecendo a sua força e resiliência.
A derrota esmagadora de Moïse Katumbi na diáspora deve servir de alerta para a oposição congolesa no seu conjunto. Deve ter em conta estas mudanças políticas e compreender que a vitalidade da democracia depende da presença de uma oposição forte. É essencial tirar lições deste fracasso e adotar uma nova dinâmica para enfrentar os desafios futuros.
Em conclusão, os resultados das eleições presidenciais na diáspora congolesa guardaram algumas surpresas. A vitória esmagadora de Félix Tshisekedi e a derrota de Moïse Katumbi destacam a importância do compromisso político e da adaptação às mudanças políticas em curso. A oposição congolesa deve tomar nota destes resultados e reinventar-se para melhor enfrentar os desafios do futuro.