– A abertura de espírito do Cardeal Peter Turkson em relação à homossexualidade
O Cardeal Peter Turkson, uma figura religiosa influente no Gana, tomou recentemente uma posição contra a criminalização da homossexualidade. Enquanto vários bispos católicos ganenses consideram a homossexualidade um crime, o Cardeal Turkson destaca-se por defender o respeito pelos direitos das pessoas LGBTQ+.
Esta posição divergente surge no contexto dos debates parlamentares no Gana em torno de um projecto de lei que visa impor penas de prisão até três anos para pessoas que se identifiquem como LGBTQ+, e até dez anos para aqueles que fazem campanha pelos direitos LGBTQ+.
O Cardeal Turkson segue assim a tradição do Papa Francisco, que recentemente expressou a sua abertura para abençoar os casais do mesmo sexo. No entanto, o papa também reafirmou que a Igreja considera as relações entre pessoas do mesmo sexo “objetivamente pecaminosas” e não apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Numa entrevista recente à BBC, o Cardeal Turkson destacou a importância da educação na promoção da compreensão da homossexualidade, dizendo que as pessoas LGBTQ+ não devem ser criminalizadas porque não cometeram quaisquer crimes.
Embora reconhecendo nuances culturais, o Cardeal Turkson criticou a influência das doações estrangeiras nas medidas anti-LGBTQ+ nos países africanos, alertando contra a imposição de posições a culturas que não estão preparadas para aceitá-las.
A posição do Cardeal Turkson surge num momento em que outros países africanos, como o Uganda, também consideram a adopção de leis severas que criminalizam a homossexualidade, suscitando preocupação internacional.
Como primeiro cardeal ganense, nomeado em 2003, o Cardeal Turkson ocupa uma posição de destaque como Chanceler das Pontifícias Academias de Ciências.
– O impacto das declarações do Cardeal Peter Turkson na evolução dos direitos LGBTQ+ no Gana
As declarações do Cardeal Peter Turkson a favor do respeito pelos direitos LGBTQ+ no Gana estão a desencadear um debate animado sobre a evolução do reconhecimento e aceitação da homossexualidade no país.
Embora muitos países ocidentais tenham aprovado gradualmente leis de apoio aos direitos LGBTQ+, África permanece geralmente mais conservadora nesta questão, em grande parte devido a considerações religiosas e culturais.
A posição do Cardeal Turkson, que diverge da de vários bispos católicos ganenses, mostra um desejo de abertura e diálogo sobre o tema da homossexualidade dentro da Igreja Católica.
Esta posição também poderia influenciar os debates no parlamento ganense sobre o projeto de lei que visa criminalizar a homossexualidade. O Cardeal Turkson destaca a necessidade de educação e compreensão para combater a discriminação contra as pessoas LGBTQ+.
Contudo, é importante sublinhar que a posição do Cardeal Turkson não desafia o ensinamento da Igreja de que as relações homossexuais são consideradas “objectivamente pecaminosas”. Isto não é um apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas sim um apelo à tolerância e ao respeito pelos direitos fundamentais das pessoas LGBTQ+.
Resta saber como estas declarações irão impactar o debate em torno dos direitos LGBTQ+ no Gana e se irão contribuir para uma evolução da legislação sobre a homossexualidade no país.