A questão da adopção da democracia ocidental em África foi recentemente questionada pelo antigo presidente nigeriano Olusegun Obasanjo. Segundo ele, este sistema de governo não conseguiu promover a boa governação e o desenvolvimento no continente. No entanto, é importante dar um passo atrás e analisar esta afirmação de forma objetiva.
É verdade que a democracia ocidental não pode ser considerada a única responsável pelos problemas de liderança em África. A situação política e social de cada país é complexa e resulta frequentemente de uma combinação de factores. Os desafios que os países africanos enfrentam estão frequentemente ligados a problemas estruturais, incluindo a pobreza, a corrupção, as desigualdades socioeconómicas e os conflitos internos.
No entanto, é também importante reconhecer que a democracia ocidental não é um sistema perfeito e tem deficiências. Alguns aspectos do sistema, como a ênfase nos partidos políticos e nas eleições regulares, podem não ser adaptados à realidade africana. É, portanto, essencial examinar criticamente as instituições democráticas e fazer as mudanças necessárias para atender às necessidades específicas de cada país.
Curiosamente, alguns países africanos conseguiram estabelecer sistemas democráticos fortes e promover a boa governação. Exemplos como o do Botswana e do Gana mostram que a democracia pode funcionar em África. Estes países conseguiram estabelecer um sistema político aberto e transparente, o que ajudou a reforçar a confiança do público nas instituições democráticas.
É também essencial sublinhar que a democracia não se trata apenas de eleições periódicas, mas também de um sistema de governo inclusivo que respeite os direitos humanos, a liberdade de expressão e o Estado de direito. A democracia não pode ser imposta de fora, deve ser desenvolvida e apoiada por actores nacionais.
Em conclusão, é importante não rejeitar completamente a democracia ocidental em África. É necessário ter em conta as especificidades e necessidades de cada país e adaptar as instituições democráticas em conformidade. Uma democracia forte e inclusiva pode ser um meio eficaz de promover uma governação responsável e fomentar o desenvolvimento económico e social em África.