Crise humanitária na RDC: uma situação alarmante que exige uma ação urgente da comunidade internacional

A crise humanitária na República Democrática do Congo: uma situação alarmante

A crise humanitária em curso no leste da República Democrática do Congo (RDC) está a causar profunda preocupação por parte da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e da UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Os confrontos entre grupos armados e forças governamentais levaram ao deslocamento forçado de mais de 450 mil pessoas nas últimas seis semanas nos territórios de Rutshuru e Masisi, localizados na província de Kivu do Norte.

Jean Baptiste Munyanzinza é uma das pessoas afetadas por esta crise. Ele e a sua família estão no campo de refugiados de Bushagara, depois de terem sido forçados a fugir dos ataques à sua casa. O campo de Bushagara está localizado a aproximadamente 20 quilómetros a norte da capital da província.

“Muitas pessoas ainda não têm abrigo ou kits de emergência como nós. Embora aqui possamos beneficiar de ajuda alimentar, não queremos viver nesta situação de dependência. O mais importante é parar a guerra para que possamos voltar para casa.

Enquanto o país se prepara para as eleições, muitos congoleses, como Munyanzinza, estão principalmente preocupados com a paz.

O ACNUR e a UNICEF sublinham que a crise é agravada pela falta de acesso humanitário às pessoas necessitadas, principalmente devido à obstrução das estradas principais. Embora o ACNUR tenha construído abrigos para mais de 40.000 pessoas perto da capital provincial de Goma nos últimos meses e distribuído kits incluindo lonas, panelas e cobertores, a comunidade internacional deve resolver urgentemente a obstrução ao acesso humanitário para garantir que os quase 7 milhões de pessoas afectadas pela do conflito no leste da RDC recebam assistência de emergência.

Os relatórios de monitorização da protecção recolhidos pelo ACNUR e parceiros em Outubro mostram mais de 3.000 violações dos direitos humanos denunciadas, quase o dobro do número do mês anterior. As violações e os assassinatos arbitrários ocupam um lugar de destaque entre estes resultados, juntamente com os raptos, a extorsão e a destruição de propriedade.

O número total de violações denunciadas contra crianças entre julho e setembro de 2023, registadas pelos parceiros de proteção infantil, registou um aumento acentuado (130%), atingindo 2.018 casos, para além do já elevado número de violações denunciadas durante o primeiro semestre do ano .

Deve também notar-se que a resposta humanitária na RDC é em grande parte subfinanciada. O Plano de Resposta Humanitária Coordenada para 2023, que inclui as necessidades financeiras do ACNUR e da UNICEF, ascende a 2,3 mil milhões de dólares, mas até à data apenas 37% deste montante foi financiado.

É, portanto, crucial que a comunidade internacional actue rapidamente para fornecer apoio financeiro e logístico para satisfazer as necessidades urgentes das pessoas afectadas por esta crise humanitária na RDC. É também essencial pôr fim ao conflito e promover a paz na região, para que as pessoas deslocadas possam regressar às suas casas e reconstruir as suas vidas.

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