O Gabão enfrenta actualmente um período de transição política com duração de dois anos, de acordo com o calendário anunciado pelo Comité para a Transição e Restauração das Instituições (CTRI), liderado pelo General Brice Clotaire Oligui Nguéma. Este anúncio provocou diversas reações dentro da classe política gabonesa.
Victor Mouanga Mbadinga, presidente do Movimento para a Emancipação Socialista dos Povos (MESP), um opositor de longa data ao governo de Omar Bongo e do seu filho Ali Bongo, continua cético quanto à capacidade dos militares de respeitarem este calendário. Sublinha a necessidade de vigilância face às boas intenções anunciadas, lembrando que “o inferno está cheio de boas intenções”.
O sindicalista Pierre Mintsa, por seu lado, reconhece a acção dos militares e o seu reconhecimento no contexto desta transição, mas sublinha também a necessidade de os militares regressarem ao seu lugar inicial uma vez concluída esta. Ele acredita que o papel dos militares deveria limitar-se aos quartéis e não assumir o controle do país.
Por outro lado, Aimé Régis Renombo, presidente do Rassemblement Espoir, saúda a sinceridade e o fair play dos militares nesta transição. Ele saúda o facto de a CTRI ter definido claramente as fases da transição na sequência do pedido do povo gabonês. Segundo ele, isso representa um passo em direção a uma transição bem-sucedida.
De acordo com o calendário proposto pelos militares, a transição terminará em agosto de 2025 com a realização de eleições livres e transparentes. O processo incluirá um diálogo nacional inclusivo, a adopção de uma nova Constituição por referendo e a realização de eleições em Agosto de 2025. Os militares sublinharam que o calendário final será determinado pelos participantes do diálogo nacional inclusivo.
Este período de transição levanta muitas questões e expectativas entre a população gabonesa. Embora alguns permaneçam céticos quanto à capacidade dos militares de cumprir o cronograma, outros expressam confiança no processo em curso. É difícil prever o resultado desta transição, mas uma coisa é certa: o Gabão está num importante ponto de viragem política que moldará o seu futuro.