O gesto feito pelo Estado francês ao reconhecer os seis fuzileiros senegaleses executados em 1944 como “Morreram pela França” é um passo significativo no sentido do reconhecimento da dolorosa e complexa história dos fuzileiros africanos. Esta decisão, anunciada no âmbito das comemorações do Desembarque da Provença, abre uma nova página na história, destacando o papel essencial desempenhado por estes soldados durante a Segunda Guerra Mundial.
O massacre ocorrido no campo de Thiaroye em 1944, onde 35 fuzileiros foram executados enquanto exigiam o pagamento não pago, é um episódio sombrio na história militar francesa. Embora as autoridades da época tenham minimizado o número de vítimas, os historiadores documentaram há muito tempo este acontecimento marcante.
O reconhecimento póstumo concedido aos seis soldados, incluindo quatro senegaleses, um costa-marfinense e um burquinense, é um acto de justiça prestado a estes combatentes que sacrificaram as suas vidas pela França. Esta abordagem faz parte de um desejo de olhar a história de frente, de reconhecer plenamente o papel dos fuzileiros africanos na defesa da liberdade e da democracia durante os conflitos mundiais.
A presidente da Associação para a Memória da História dos Tirailleurs Senegaleses, Aïssata Seck, sublinha a importância deste reconhecimento para estes heróis muitas vezes não reconhecidos. Estes soldados lutaram ao lado das tropas francesas, mostrando coragem e dedicação, e era hora de lhes fazer justiça, mesmo postumamente.
O Presidente Emmanuel Macron, através desta decisão, convida a sociedade francesa a olhar para o seu passado colonial e militar com lucidez e honestidade. Reconhecer os erros e as injustiças do passado é um passo essencial para uma melhor compreensão da nossa história comum e para a reconciliação.
Para além do reconhecimento individual dos seis fuzileiros hoje homenageados, é necessário prosseguir os esforços para identificar todas as vítimas e prestar-lhes homenagem. Este dever de memória é essencial para que as gerações futuras compreendam os sacrifícios feitos pelos combatentes africanos pela França e pela liberdade.
Em conclusão, a decisão de reconhecer os seis fuzileiros senegaleses como “Morreram pela França” marca um momento importante no reconhecimento da história dos fuzileiros africanos. Este acto simbólico de justiça ajuda a realçar o papel crucial destes soldados nos conflitos do século XX e convida à reflexão sobre o nosso passado comum.