A recente greve na Nigéria devido às tensões relacionadas com o novo salário mínimo teve um impacto significativo em todos os segmentos da sociedade. Em todo o país, escritórios, escolas, aeroportos e postos de gasolina foram paralisados, mergulhando os cidadãos num estado de incerteza e desordem generalizadas. No entanto, para além das óbvias consequências económicas e logísticas desta situação, existe uma realidade que merece especial atenção: a das pessoas que vivem com condições médicas subjacentes.
Bernard Enyia, Coordenador Nacional de Pessoas que Vivem com Diabetes na Nigéria, salienta, com razão, que a greve tem implicações profundas para estes indivíduos frágeis, cuja vida quotidiana é pontuada pela necessidade de acesso constante e fiável aos serviços de saúde. Com efeito, para as pessoas que sofrem de diabetes, cancro, doenças cardiovasculares e muitas outras patologias, a actual greve constitui uma ameaça tangível ao seu bem-estar e, em alguns casos, à sua sobrevivência.
É tempo de reconhecer que o uso sistemático de greves como meio de pressão social é uma abordagem ultrapassada e potencialmente perigosa. Com efeito, as pessoas que sofrem de doenças crónicas encontram-se reféns de conflitos que fogem ao seu controlo, deixando-as sem recursos e expostas ao risco de complicações graves, sem possibilidade de acesso aos cuidados necessários.
Para além da legitimidade das reivindicações salariais dos trabalhadores, é imperativo reconhecer o direito fundamental dos indivíduos à saúde e ao acesso equitativo aos serviços de saúde. As negociações e o diálogo devem ter precedência sobre ações radicais e unilaterais, porque são as vidas dos mais vulneráveis que estão em jogo.
Portanto, há uma necessidade urgente de que as partes interessadas, sejam sindicatos ou o governo federal, acabem com esta greve e se envolvam num processo de mediação construtiva. É necessário procurar compromissos, conciliar os interesses dos trabalhadores com os imperativos de saúde pública e encontrar uma solução equilibrada que respeite a dignidade e a vida de todos.
Em conclusão, a actual greve na Nigéria não deve terminar numa tragédia humana. É imperativo considerar as necessidades específicas das pessoas que vivem com doenças subjacentes e garantir o seu acesso ininterrupto aos cuidados de saúde. A solidariedade e a compaixão devem prevalecer sobre os interesses individuais, porque é na protecção dos mais fracos que se mede a grandeza de uma nação.