O julgamento de Sosthène Munyemana, um antigo médico ruandês acusado de participação no genocídio dos tutsis no Ruanda em 1994, começou esta semana perante o Tribunal de Justiça de Paris. Este julgamento é de grande importância, porque é o caso mais antigo investigado em França sobre crimes ligados ao genocídio no Ruanda.
Sosthène Munyemana, de 68 anos, é acusada de genocídio, crimes contra a humanidade, participação num acordo com vista à preparação destes crimes, bem como cumplicidade. Se condenado, ele pode pegar prisão perpétua. O arguido nega os factos de que é acusado.
Durante a sua aparição no bar, Sosthène Munyemana manifestou a sua “compaixão” pelas famílias das vítimas, sublinhando que foi a primeira vez que falou publicamente desde o início do caso. Ele também contestou as acusações contra ele, afirmando em particular que não tinha antagonismo em relação aos tutsis.
O médico ruandês é acusado de ter participado na elaboração de uma moção de apoio ao governo interino que incentivou os assassinatos após o ataque ao avião do presidente Juvénal Habyarimana. Ele também é suspeito de ter sido membro de um comitê de crise que organizou bloqueios de estradas e rondas durante as quais pessoas foram presas e mortas. Além disso, ele é acusado de ter guardado a chave de um escritório onde os tutsis teriam sido trancafiados antes de serem executados.
O julgamento de Sosthène Munyemana também destaca a sua relação embaraçosa com Jean Kambanda, que se tornaria primeiro-ministro do governo interino e que foi condenado pela sua participação no genocídio. Sosthène Munyemana garante que não tinha conhecimento da radicalização do amigo.
Este julgamento é de suma importância não só para as vítimas e suas famílias, mas também para a justiça internacional. Demonstra o compromisso da França em processar criminosos de guerra e combater a impunidade. Esperemos que este julgamento esclareça as atrocidades cometidas durante o genocídio no Ruanda e proporcione justiça às vítimas.