As assembleias de voto abriram esta quinta-feira as portas em Madagáscar, marcando o início do processo eleitoral que visa eleger o próximo Presidente da República. Com cerca de 11,5 milhões de eleitores chamados às urnas, os riscos são elevados para o país.
No entanto, já podemos constatar que apenas três dos treze candidatos em disputa apelam aos eleitores para votarem, enquanto os outros dez apelam ao boicote. Esta situação realça a profunda divisão que reina na classe política malgaxe, realçando as tensões e os desafios que o país enfrenta.
O presidente cessante, Andry Rajoelina, que busca um segundo mandato, é um dos candidatos na disputa. O seu percurso é marcado pela construção de inúmeras infra-estruturas na ilha, mas também tem sido salpicado de escândalos e polémicas. Apesar disso, ele segue confiante e afirma ter condições de vencer a eleição no primeiro turno.
Diante dele, Siteny Randrianasoloniaiko, deputado por Tuléar, representa uma alternativa. Ele veio do partido presidencial IRD, mas se distanciou dessa formação. A sua popularidade é reforçada pelo seu compromisso com a descentralização e pela promessa de desmantelar organismos anticorrupção ineficazes.
Um terceiro candidato, Sendrison Raderanirina, é um novato na política. Depois de passar a maior parte da sua carreira em França, regressou à ilha para contribuir na luta contra a pobreza. O seu objetivo é colocar as necessidades fundamentais dos cidadãos no centro das preocupações do Estado.
No entanto, apesar dos candidatos em disputa e dos debates políticos em curso, é provável que a crise política que abalou Madagáscar durante vários meses continue. Os apelos ao boicote e as críticas à organização da votação revelam divisões profundas no país e parece improvável que estas eleições resolvam os actuais problemas políticos.
Em última análise, a participação eleitoral será um indicador-chave da legitimidade dos resultados. Os eleitores malgaxes terão de decidir se querem envolver-se no processo democrático ou boicotar as eleições em protesto. Qualquer que seja o resultado, é crucial que as expectativas do povo malgaxe em termos de protecção social, saúde e educação sejam tidas em conta pelos líderes que serão eleitos.
Resta saber como se desenrolarão estas eleições presidenciais e quais serão as suas consequências para o futuro político e social de Madagáscar. Os desafios são numerosos, mas permanece a esperança de que o país consiga encontrar uma saída para a crise e avançar para um futuro melhor.