A agricultura hidropónica está a ganhar popularidade no Egipto, à medida que o país enfrenta escassez de água e diminuição das terras aráveis. Este método de cultivo sem solo oferece muitas vantagens, mas alguns especialistas observam que os elevados custos iniciais e algumas limitações na produção agrícola podem dificultar a sua adoção generalizada.
A agricultura hidropónica, também conhecida como cultivo sem solo, envolve o cultivo de plantas utilizando água rica em nutrientes, fora do solo tradicional, geralmente em estufas controladas. Substratos sem solo, como areia, cascalho, argila, musgo ou esponja, fornecem suporte para as raízes das plantas. Em algumas aplicações, os tanques de peixes são integrados ao sistema para transferir resíduos ricos em nutrientes dos animais para as plantas cultivadas na água.
Um relatório da WWF de 2020 concluiu que a agricultura hidropónica utiliza apenas 10% dos recursos necessários para a agricultura tradicional, ajudando a reduzir a desflorestação e a utilização de pesticidas.
A Plug’n’Grow é uma das várias empresas de tecnologia agrícola que surgiram no Egito nos últimos anos para promover esta forma de agricultura.
De acordo com a ONU, o Egipto enfrenta um défice hídrico anual e deverá ser classificado como um país com escassez de água até 2025 devido às alterações climáticas e à construção pela Etiópia de uma barragem num importante afluente do Nilo, a principal fonte de água doce do Egipto.
Ao mesmo tempo, as terras aráveis, que constituem menos de 5% do Egipto, estão a diminuir devido à urbanização, estando o restante deserto.
Além dos seus benefícios ecológicos, a hidroponia oferece um crescimento mais rápido e rendimentos mais elevados. O Egipto, um dos maiores importadores mundiais de trigo, é particularmente vulnerável a perturbações nas cadeias de abastecimento de trigo, como evidenciado pelo impacto da invasão russa da Ucrânia nos choques globais e no aumento da insegurança alimentar.
No entanto, alguns especialistas salientam que a hidroponia não pode ser utilizada de forma eficaz para o cultivo de culturas estratégicas. Além das limitações das culturas, os elevados custos iniciais também representam um desafio significativo para a agricultura sem solo.
De acordo com El Said, o capital inicial necessário para uma fazenda hidropônica comercial é de cerca de 3,5 milhões de libras egípcias (mais de US$ 100 mil). Apesar destes desafios, a Plug’n’Grow facilitou a criação de aproximadamente 30 projetos agrícolas sem solo, principalmente no Egito, bem como alguns na Índia e na Arábia Saudita.
Ahmed Makady, cliente da Plug’n’Grow, reconhece os elevados custos iniciais, mas enfatiza a rentabilidade da hidroponia. Após sua primeira experiência hidropônica no Alto Egito, ele lançou recentemente sua segunda fazenda hidropônica em Al-Qalyubia..
Ele diz: “Ela [a hidroponia] é caracterizada por um rápido retorno do investimento”, citando lucros mais elevados em comparação com a agricultura tradicional. Makady explica que enquanto a agricultura tradicional produz três a quatro toneladas anuais por feddan (unidade de área), a hidroponia pode produzir mais de 120 toneladas por ano com meio feddan.
A agricultura interna, muitas vezes chamada de “agricultura em ambiente controlado”, utiliza métodos diferentes. A agricultura vertical empilha as colheitas do chão ao teto, geralmente sob iluminação artificial, com as plantas crescendo em água enriquecida com nutrientes. Outras abordagens incluem estufas industriais em grande escala, canteiros de flores interiores em enormes armazéns e a utilização de robôs especiais para automatizar partes do processo agrícola.
Em conclusão, a agricultura hidropónica oferece uma solução promissora para a escassez de água e a diminuição das terras aráveis no Egipto. Apesar dos desafios e limitações, este método de cultivo inovador tem muitas vantagens ecológicas e económicas. Será interessante acompanhar a sua evolução nos próximos anos e ver se será adotado em larga escala neste país.