Negociação de moeda: Os desafios da libertação de reféns do Hamas e prisioneiros palestinos por Israel
Desde o início da trégua entre o Hamas e Israel, as trocas de reféns e prisioneiros tornaram-se comuns. Mas segundo Wassim Nasr, especialista em questões de terrorismo da France 24, os reféns libertados até agora pelo Hamas foram “simples de libertar” porque não tinham muito valor em termos de negociações. Isso sugere que os próximos lançamentos serão mais delicados, envolvendo personalidades de grande importância.
O Hamas libertou recentemente onze novos reféns, incluindo três franceses, dois alemães e seis argentinos, elevando para 69 o número total de reféns libertados desde o início da trégua. Por seu lado, Israel libertou 150 prisioneiros palestinianos, incluindo mulheres e menores.
Contudo, um olhar mais atento às libertações realizadas até agora revela que o Hamas optou por libertar principalmente mulheres, crianças e idosos. Wassim Nasr explica que isto não é surpreendente porque estas categorias de reféns são menos restritivas em termos de logística. Ao libertá-los, o Hamas alivia-se de um fardo e evita as dificuldades associadas à circulação regular de crianças pequenas ou idosos.
É também importante sublinhar que os reféns libertados até agora pelo Hamas não têm grande valor para as negociações. Na verdade, a proporção actual é de um refém libertado para cada três prisioneiros palestinianos libertados por Israel. No entanto, Wassim Nasr salienta que o Hamas ainda mantém muitos outros reféns, incluindo soldados e altos oficiais do exército israelita, que provavelmente poderá trocar por exigências maiores.
Do lado israelita, os prisioneiros libertados são principalmente mulheres e jovens com menos de 19 anos, acusados ou condenados por atacarem israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém, sem causarem quaisquer mortes.
No entanto, Wassim Nasr alerta que as negociações se tornarão cada vez mais difíceis à medida que figuras mais valiosas forem envolvidas. De momento, as divulgações dizem respeito a pessoas consideradas “simples” ou “óbvias”, mas quando são considerados números importantes, o público israelita e o próprio exército terão de enfrentar justificações mais complexas.
É essencial compreender que a libertação de reféns e prisioneiros é um processo delicado e complexo, que levanta importantes questões políticas, mediáticas e emocionais. Divulgações recentes permitiram que o Hamas ganhasse popularidade na Cisjordânia, onde procura rivalizar com o Fatah. No entanto, ainda existem muitos desafios a superar neste processo de libertação, dado o elevado número de palestinos presos em Israel.
O processo de libertação de reféns e prisioneiros permanece, portanto, intrinsecamente ligado à dinâmica política e de segurança do conflito israelo-palestiniano. Os próximos passos neste delicado processo serão, portanto, cruciais para a estabilização da região e a procura de uma paz duradoura.