Revisão constitucional na RDC: Rumo a uma mudança histórica?

Fatshimetria:

O debate em torno da revisão constitucional na República Democrática do Congo tem ocupado o centro das atenções nos últimos tempos, com Adolphe Muzito e o seu partido político Nouvel Élan a apoiar activamente a ideia de reformar a actual constituição do país. Esta iniciativa visa trazer reformas políticas, económicas, monetárias, orçamentais, sociais e financeiras essenciais para o actual mandato. De acordo com Nouvel Élan, estas reformas devem fazer parte de uma revisão da constituição de Fevereiro de 2006, escrita e adoptada por um parlamento não eleito, ou no desenvolvimento de uma nova constituição para a RDC.

Adolphe Muzito, deputado nacional e figura chave deste movimento, destaca vários pontos-chave através desta iniciativa, nomeadamente a mudança no mecanismo e na taxa de distribuição de receitas entre o Estado e as províncias, a transferência efectiva de competências das províncias, o regime político a adoptar, a aplicação da lei Bakajika, as reformas agrárias, o financiamento dos partidos políticos, e muitos outros. Esta abordagem visa modernizar o sistema político e económico do país, garantindo uma melhor distribuição de recursos e fortalecendo a democracia.

A proposta de revisão constitucional não carece de ambição, visando nomeadamente restabelecer o vínculo histórico entre o povo congolês e os pais fundadores do país, bem como a lei fundamental de 1959. Adolphe Muzito insiste no facto de que esta nova constituição permitirá a RDC a entrar efectivamente na República prometida em 1960, marcando assim um ponto de viragem histórico para o país.

Do lado do Presidente Félix Tshisekedi, os intercâmbios com as comunidades congolesas no estrangeiro realçaram a questão da revisão constitucional. Embora o Chefe de Estado tenha demonstrado uma certa abertura a esta ideia, sublinhou, no entanto, que esta abordagem deveria reflectir sobretudo os desejos do povo congolês, representado pelos seus representantes eleitos na Assembleia Nacional. A criação de uma comissão nacional interdisciplinar para reflectir sobre a nova constituição demonstra o desejo do Presidente de consultar as diversas partes interessadas e garantir um processo transparente.

No entanto, alguns actores políticos vêem esta iniciativa como uma estratégia que visa prolongar o mandato do Presidente Tshisekedi para além do seu segundo mandato de cinco anos, o que levanta questões e debates na esfera política congolesa.

Em última análise, a questão da revisão constitucional na RDC é complexa e levanta questões importantes para o futuro do país. É essencial conduzir este debate com sabedoria, tendo em conta as aspirações do povo congolês e garantindo o respeito pelos princípios democráticos e pelos direitos fundamentais de todos os cidadãos.

Clemente MUAMBA

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