O governo sul-africano enfrenta uma crise alimentar sem precedentes, realçando a urgência de combater a fome e o desperdício alimentar. A situação é alarmante, com cerca de 20 milhões de sul-africanos a sofrerem de grave insegurança alimentar, incluindo milhões de crianças que vão para a cama com fome todas as noites.
O desperdício de alimentos é outro problema crítico na África do Sul. Todos os anos, são desperdiçados entre sete e dez milhões de toneladas de alimentos, o equivalente a 30 mil milhões de refeições. Esse desperdício poderia alimentar todos que dele necessitam. Além disso, os aterros sul-africanos emitem até 450 milhões de quilogramas de gás metano por ano devido ao desperdício de alimentos e matéria orgânica.
Embora organizações como a SA Harvest estejam a fazer um trabalho louvável no combate à fome, não podem resolver esta crise sozinhas. É altura de fazer mudanças sistémicas fundamentais e é aqui que o governo deve intervir. Infelizmente, o governo não parece alocar recursos suficientes para combater a fome e o desperdício de alimentos.
Uma intervenção eficaz para reduzir o desperdício alimentar é uma legislação rigorosa. Vejamos o exemplo da “Lei Garot” em França, que exige que os supermercados doem os seus alimentos não vendidos mas comestíveis a instituições de caridade, reduzindo assim o fluxo de alimentos para aterros. Esta lei tem sido muito eficaz em França, aumentando as doações de alimentos em quase 30% em apenas dois anos.
Na África do Sul, apesar de algumas declarações políticas, faltam acções concretas. Os regulamentos sobre segurança alimentar e redução do desperdício alimentar devem ser reforçados, com medidas concretas para reduzir a perda de alimentos e garantir que os alimentos recuperados chegam a quem deles necessita.
Num país onde milhões de crianças passam fome apesar da abundância de alimentos, é imperativo que o governo tome medidas rápidas e significativas para combater a fome e o desperdício de alimentos. A colaboração entre os ministérios e regulamentações mais fortes são essenciais para fazer avançar as coisas e garantir uma nutrição adequada para todos os sul-africanos.
Em conclusão, a resolução da crise alimentar na África do Sul requer uma acção imediata e coordenada do governo, das organizações e da sociedade como um todo. É tempo de agir para acabar com a fome e o desperdício alimentar, enfrentando em conjunto este desafio humanitário crucial.