Recentemente, uma delegação de vinte mestiços congoleses visitou a Bélgica, despertando considerável interesse. Essa visita é parte dos esforços da Bélgica para reconhecer e reparar os danos causados aos mestiços durante a colonização. A dolorosa história da colonização belga no Congo, especialmente sob o reinado do rei Leopoldo II, deixou cicatrizes profundas, com impacto significativo nos mestiços.
Em 2019, as autoridades belgas emitiram um pedido de desculpas pela política discriminatória e pelos sequestros forçados que os mestiços sofreram. Medidas foram tomadas para reconhecer e corrigir os erros do passado, incluindo facilitar o acesso aos arquivos relacionados aos antepassados belgas dos mestiços e iniciar pesquisas sobre sua história. No entanto, os mestiços congoleses agora buscam mais do que desculpas – eles reivindicam o direito à nacionalidade belga, buscando um reconhecimento mais profundo de sua identidade e história.
Durante a recepção da delegação em Bruxelas, liderada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Hadja Lahbib, foram discutidas as dificuldades enfrentadas pelos mestiços para acessar os arquivos, especialmente devido à separação forçada de suas famílias em idades jovens, o que dificulta a conexão com suas origens e compreensão de sua história.
Rachel Kapombo, vice-presidente da Associação das Crianças dos Belgas de Esquerda no Congo (AEBLC), enfatizou a importância do encontro para dar voz aos mestiços e buscar reparação simbólica e material pelas injustiças do passado. Com cerca de 2.000 membros, a associação não apenas representa mestiços da época colonial e seus descendentes, mas também crianças que perderam seus pais belgas após a independência da República Democrática do Congo.
Além das desculpas e gestos simbólicos, os mestiços congoleses almejam um reconhecimento mais profundo de sua identidade e herança. A questão da nacionalidade belga possui um forte simbolismo em sua busca por justiça e reparação. Ao reconhecer plenamente a importância e sofrimento dos mestiços na história colonial, a Bélgica poderia pavimentar o caminho para uma verdadeira reconciliação e avançar em direção a um futuro mais inclusivo e compartilhado.