Numa recente sessão extraordinária de chefes de estado e de governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Abuja, na Nigéria, foi tomada uma decisão controversa: o levantamento das sanções contra o Níger, o Mali e a Guiné. Alguns vêem-no como um gesto de pragmatismo por parte da CEDEAO, enquanto outros consideram-no uma admissão de fraqueza. Paul-Simon Handy, diretor do escritório regional da África Oriental do Instituto de Estudos de Segurança, partilhou a sua análise numa entrevista.
Segundo Handy, a decisão da CEDEAO abre caminho para negociações mais construtivas com as juntas militares no poder nestes países. Sublinha a importância de uma abordagem pragmática e convida os líderes militares a demonstrarem a mesma abertura, a fim de encontrar soluções duradouras.
A questão da sobrevivência da CEDEAO sem a cooperação das juntas militares é levantada. Handy acredita que a organização regional pode existir independentemente destes países, mas destaca a necessidade de o Níger, o Mali e a Guiné encontrarem o seu lugar na Aliança dos Estados do Sahel que formaram.
Nesta dinâmica de diálogo e mediação, o papel do Presidente Faure Gnassingbé do Togo como mediador é crucial. Handy sublinha a importância de encontrar soluções aceitáveis para todas as partes e alerta para o risco de normalização dos golpes militares.
Em conclusão, Handy apela a uma abordagem mais ampla por parte da CEDEAO, incluindo a condenação da manipulação constitucional, além dos golpes militares. Sublinha a necessidade de a organização regional reforçar os seus mecanismos e instrumentos para preservar a estabilidade política na região.
Esta decisão da CEDEAO abre assim novas perspectivas para o diálogo e a mediação num contexto complexo onde as questões políticas e de segurança se entrelaçam. A procura de soluções sustentáveis e inclusivas continua a estar no centro dos desafios a enfrentar para garantir a estabilidade e o desenvolvimento da região da África Ocidental.