No dia 19 de fevereiro foi celebrado um acordo entre a União Europeia e o Ruanda com o objetivo de promover o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis para matérias-primas, também conhecidas como minerais de conflito. Esta iniciativa levanta importantes questões éticas e geopolíticas, ecoando o conflito em curso no leste da República Democrática do Congo (RDC).
A região de Kivus, na RDC, tem sido palco de um conflito mortal durante quase três décadas, em grande parte alimentado pela exploração ilegal de recursos mineiros. O Ruanda está regularmente envolvido na desestabilização da RDC, na pilhagem das suas riquezas naturais e minerais, bem como em violações flagrantes dos direitos humanos. O recente ressurgimento do grupo armado M23, apoiado pelo exército ruandês, apenas agrava a crise já existente.
O acordo entre a UE e o Ruanda levanta questões sobre a coerência das políticas europeias em matéria de direitos humanos e de promoção da paz. Embora a UE afirme promover estes valores, a sua parceria reforçada com o regime ruandês suscita preocupações sobre as suas verdadeiras prioridades.
É essencial que os cidadãos europeus, preocupados com a justiça social e a paz, permaneçam atentos a estas questões e exijam maior transparência e responsabilização na cadeia de abastecimento mineral. A transição para uma economia verde e limpa não pode ser alcançada à custa do sangue das populações congolesas e da cumplicidade com grupos armados.
Em conclusão, é imperativo que as instituições europeias e os Estados-Membros garantam que as suas ações a nível internacional sejam consistentes com os valores fundamentais da UE, nomeadamente o respeito pelos direitos humanos e a promoção da paz. Cabe a cada cidadão participar nesta luta por um mundo mais justo e equitativo.