“Ghana Must Go”: a história angustiante por trás da icônica sacola plástica

O simbolismo por detrás do saco de plástico “Gana Must Go” remonta a um período tumultuado nas relações entre o Gana e a Nigéria, evocando a dolorosa expulsão de milhares de ganenses do seu país anfitrião.

A história deste saco plástico tecido, geralmente azul e vermelho, remonta às décadas de 1970 e 1980, marcadas por uma grande crise económica no Gana. Confrontados com a diminuição das reservas de petróleo, a inflação crescente e a dívida crescente, muitos ganenses migraram para a vizinha Nigéria em busca de melhores oportunidades.

Esta migração em massa, estimada em mais de dois milhões de pessoas no início da década de 1980, trouxe uma mão-de-obra qualificada e um espírito empreendedor que contribuíram para o crescimento económico da Nigéria. Contudo, começaram a surgir tensões, amplificadas por preocupações sobre a concorrência por empregos e oportunidades.

Em 1983, no meio da crise económica, do desemprego crescente e do nacionalismo crescente, o governo nigeriano, liderado por Shehu Shagari, emitiu um decreto ordenando a expulsão de todos os imigrantes indocumentados. Os ganenses, que constituem cerca de metade da população visada, foram os mais afectados.

Esta expulsão em massa, eufemisticamente chamada de “Ordem de Conformidade com Estrangeiros do Gana”, forçou mais de dois milhões de ganenses a regressar a casa, transportando apenas sacos de plástico baratos com a inscrição “Made in Ghana”. Ironicamente renomeadas como “Gana Must Go” pelos nigerianos, essas sacolas se tornaram um símbolo da expulsão forçada sofrida pelos ganenses na época.

Apesar das dificuldades encontradas, muitos ganenses conseguiram recuperar. Alguns reconstruíram as suas vidas no seu país, enquanto outros obtiveram sucesso noutros locais da África Ocidental e não só. Hoje, as sacolas “Ghana Must Go” continuam a ser amplamente utilizadas na África e em outros lugares, relembrando o passado doloroso e demonstrando utilidade e acessibilidade inegáveis.

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