### Maléia: a dança dos egos e o silêncio dos povos
Quando falamos sobre o Mali e a Argélia, entramos em um território onde a espessura do ressentimento histórico se entrelaça com a bravata política. Esta demonstração recente em Bamako, onde os jovens ficaram zangados com a Argélia, é o sintoma de uma antiga tensão disfarçada de crise contemporânea. Sim, um drone foi abatido, mas o que é um drone em comparação com as cicatrizes das histórias passadas? O que surge é uma guerra verbal cuja poesia guerreira vai muito além da realidade.
O convite para culpar o inimigo externo é uma das manobras políticas clássicas. O governo da Mali, apoiado pelo movimento “Sentinel que representa o Mali”, entendeu que dotar a multidão contra a Argélia, pode desviar o olhar dos problemas internos, como a repressão de vozes dissidentes e o manejo caótico da crise de segurança. Os slogans hostis destacados contra a Argélia, descritos como um “estado terrorista”, ressoam como um estrato protetor durante uma tempestade interna. Mas e quanto às crises socioeconômicas, corrupção e violência que atormentam o país?
É aqui que o esfregar. O que os gritos lançados em tempos de tensão não revelam é o desconforto de um cidadão maliano que se pergunta como seus líderes usam o acidente de guerra para silenciar dúvidas sobre sua competência. O presidente de “Sentinel Standing”, Mohamed Kassoum Djiré, incorpora essa dicotomia: ele grita vingança, mas continua sendo um ator de um sistema cuja legitimidade é frequentemente posta à prova. Os jovens na frente, galvanizados pelas promessas de um futuro melhor, avestruz em sua realidade. A raiva deles contra um vizinho parece fazê -los esquecer os verdadeiros desafios dentro de seu país.
No outro extremo da fronteira, a Argélia também interpreta sua pontuação. A denúncia de “acusações graves” de Argel mascara um fundo diplomático muito mais complexo. Abdelaziz Rahabi, ex -ministro e diplomata, se afasta das alegações do Mali enquanto procura freneticamente trabalhar no cenário internacional. A confiança entre os vizinhos sempre foi frágil nessa região, e o espectro das relações colonialistas é convidado em cada troca. As acusações de proximidade com grupos terroristas lembram esse medo ancestral: o do contágio de conflitos, mas quem, finalmente, beneficia quem?
Crucial aqui é o silêncio de parte dos malianos, muitas vezes excluídos de discursos oficiais. Um grupo de oponentes do exílio colocou o dedo nessa deriva diplomática militar. Eles falam da ausência de consulta nacional, como se a voz do povo fosse cortada, uma voz que poderia ter exigido eleições, para a paz duradoura, para compartilhar a prosperidade. É essa fratura que ameaça não apenas a unidade nacional, mas também a estabilidade regional. Argélia e Mali não são tão diferentes em sua administração do dissenso e na insatisfação das massas. As duas nações, nesta dança dos egos, derivam inexoravelmente para um isolamento potencialmente devastador.
Então, onde isso nos leva? Podemos esperar uma resolução que não fosse escrita em sangue e lágrimas? Talvez seja hora de explorar caminhos mais sutis, talvez sinceros diálogos entre grupos, além dos governos. A sociedade civil, este pulmão machucado, mas ainda vivo, poderia reivindicar soberania para recuperar sua voz, aquela que poderia acabar com esse ciclo infernal de confronto.
As perguntas reais permanecem e elas fermentam silenciosamente. Quem se levanta para superar os ferimentos do passado? Quem tem a coragem de domar conflitos internos enquanto examinava um horizonte maior e positivo? Em um mundo cheio de tensões, a resposta pode muito bem ser um breve sussurro nos lábios de um jovem em um beco escuro em Bamako ou Argel, pedindo mais paz do que guerra. Ouça -os.