** Karisimbi: um refúgio temporário para as famílias de soldados e policiais no coração de uma crise humanitária **
Na comuna de Karisimbi, no norte de Kivu, um drama humano é tocado na câmera. Famílias de soldados e policiais, fugindo de um contexto de crescente insegurança diante dos rebeldes do M23, encontraram refúgio nas escolas. Cerca de cinco mil almas, incluindo feridos e inválidos, são empilhados em salas de aula, buscando uma fuga da violência que atormenta suas vidas diárias. Mas o que deveria ser um refúgio de paz rapidamente se transformou em uma situação de emergência humanitária.
### Uma crise que vai além das fronteiras simples
É essencial enfatizar que muitas dessas famílias não são do norte de Kivu. Suas raízes os empurram para outras regiões, mas a guerra fez desses migrantes deslocados internos, muitas vezes estigmatizados por rebeldes que os suspeitam de cumplicidade. De fato, a desconfiança está se intensificando: os rebeldes do M23 justificam suas ações afirmando que essas famílias poderiam abrigar soldados que fugiam da luta. O fechamento e os controles frequentes, aos quais essas famílias estão sujeitas, exacerbam seu sofrimento psicológico e físico.
O paralelo com outras crises semelhantes no mundo é evocativo. Quando milhares de sírios se viram em campos à mercê de facções armadas, essas famílias no Congo também estão presas no equipamento de um conflito que os excede. Um estudo realizado em 2022 sobre os efeitos de deslocamentos forçados revelou que mais de 70% das pessoas deslocadas enfrentaram a discriminação em seu novo ambiente. Uma situação perturbadora, que encontra um eco em particular aqui.
### A realidade da educação sacrificada
Um dos aspectos mais preocupantes dessa crise é o impacto na educação das crianças. As escolas, que devem ser um santuário de aprendizado, são transformadas em abrigos temporários. As autoridades, por meio de injunções, empurram essas famílias para evacuar as salas em favor da retomada dos cursos. Mas podemos legitimamente sacrificar a educação de milhares de crianças pelo retorno ao normal?
As estatísticas alarmantes vêm de organizações não governamentais que trabalham na região. Mais de 60% das crianças deslocadas já são antigas, mas apenas um terço deles se beneficiam do acesso à educação, muitas vezes dificultados pela falta de infraestrutura adequada ou pelo medo de estar associado a conflitos armados.
Cuidados de saúde: uma crise sistêmica
O Hospital Militar de Katindo, onde os soldados feridos ainda estão arrumados, testemunha a violência ainda presente na região. Embora exista um bastião de apoio médico, a pressão sobre os cuidados de saúde aumenta. A equipe de enfermagem, já limitada, deve conciliar entre a emergência dos militares feridos e a crise humanitária dos deslocados acumulados no influxo de novos pacientes. Uma dinâmica que poderia ser fatal se a raiva popular estivesse no horizonte.
Em comparação, poderíamos nos referir à situação do Hospital Kigoma na Tanzânia, onde as estruturas de saúde foram sobrecarregadas pelo influxo de refugiados. A resposta do sistema de saúde foi insuficiente, resultando em situações catastróficas. Esse mesmo futuro parece estar aparecendo para Katindo se soluções duradouras não forem implementadas rapidamente.
### para uma consciência internacional
Diante dessa pintura alarmante, é imperativo que a comunidade internacional tome conhecimento dessa tragédia humanitária. As crises na República Democrática do Congo não devem mais ser percebidas como simples conflitos locais, mas como emergências que exigem atenção global. O apoio a agências humanitárias e o financiamento de iniciativas de reabilitação devem se tornar prioridades.
Ao colocar essas famílias de soldados e policiais em uma posição vulnerável, a situação exige uma revisão mitológica da segurança nacional versus o direito humano a uma vida digna. Observar essas realidades e conscientizar o público em geral da necessidade de ação é um passo crucial para melhorar as condições de vida dessas famílias em perigo.
### Conclusão
A crise em Karisimbi, onde famílias de soldados e policiais se vêem presas entre a insegurança e a falta de recursos, levanta questões prementes sobre a humanidade de nosso tempo. Como empresa, somos responsáveis por ver além das fronteiras, construindo pontes de solidariedade em vez de paredes de desconfiança. O relato dessas famílias, assim como o de milhares de outras pessoas em todo o mundo, deve se tornar um pedido de ação para um futuro em que nenhuma criança, qualquer que seja sua origem, nunca deve sacrificar seu direito à educação, à segurança e a uma vida decente .